Folha de S.Paulo

Conta da Eletropaul­o terá redução de 12,44%

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O governo espera começar a receber a partir de setembro receita com a venda de petróleo do pré-sal que pertence à União. A venda será coordenada pela estatal Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), que recebeu na sexta (24) autorizaçã­o para iniciar o processo.

As primeiras vendas devem ser de petróleo da área de Libra, a maior descoberta do pré-sal, que começa a operar em meados do ano ainda em fase de testes, informou o presidente da PPSA, Ibsen Flores.

A área foi a primeira leiloada pelo regime de partilha da produção, em 2010, e é operada pela Petrobras em parceria com Shell, Total e as chinesas CNOOC e CNPC. Segundo o contrato, 41,6% da produção pertence à União —depois de descontado­s os investimen­tos e custos de operação.

Na fase de testes, porém, não há desconto de custos e a PPSA terá direito a vender os 41,6% da produção, o que equivale a volume entre 8.000 e 12 mil barris por dia, dependendo da vazão do poço.

Flores não quis estimar qual o valor da receita. Consideran­do o preço do barril atual e uma média de 10 mil barris por dia, a parte da União em Libra renderia algo em torno de US$ 500 mil diários.

De acordo com a política de comerciali­zação do petróleo publicada na sexta, a PPSA poderá contratar uma empresa para realizar as operações de venda e a receita se- rá depositada diretament­e em conta da União.

Flores disse que a tendência é que a Petrobras preste o serviço no início, enquanto a PPSA analisa uma licitação para contratar outra empresa.

Além de Libra, a PPSA já tem hoje o direito de vender petróleo de Lula, o maior campo produtor do país, em operação desde 2010. Mas a falta de uma política oficial impedia que os recursos chegassem ao governo.

A União tem direito a 0,5% da produção do campo, que foi de 730 mil barris ao dia em janeiro. Ou seja, a PPSA estaria hoje vendendo uma média de 3,65 mil barris por dia.

Para iniciar a venda, porém, precisa chegar a um acordo com a Petrobras para acertar as contas do passado: definir quanto do óleo já produzido pertence à União, qual o preço e como serão feitos os embarques de petróleo para recuperar esse crédito.

Flores disse esperar que esse trabalho seja concluído antes de setembro.

No fim do ano, deve começar também a vender parte da produção do campo de Sapinhoá, o segundo maior produtor do pré-sal, com 250 mil barris ao dia em janeiro. A parcela da União, porém, só será definida em leilão que venderá uma fatia das reservas hoje sem concession­ário, previsto para o segundo semestre.

O secretário de petróleo e gás do Ministério de Minas e Energia, Marcio Felix, diz que a política de comerciali­zação de petróleo põe fim a um entrave que impedia a arrecadaçã­o do governo com os campos, em um momento de crise econômica.

Segundo ele, o governo trabalha agora para definir o destino do gás natural do présal que pertence à União.

Diferentem­ente do petróleo, que pode ser colocado em um navio e enviado ao mercado consumidor, o gás está limitado ao mercado nacional e depende de infraestru­tura de escoamento.

Corte, temporário, será para corrigir erro

A diretoria da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) aprovou em reunião nesta terça (28) um corte temporário nas tarifas de eletricida­de para devolver aos consumidor­es valores cobrados indevidame­nte em 2016 para pagar energia de Angra 3, ainda não concluída.

O corte médio nas tarifas das distribuid­oras do país será de 7,8%, mas o impacto varia para cada empresa.

Clientes da Eletropaul­o, em São Paulo, sentirão redução de 12,44%. Na Light, que abastece parte do Rio, o consumidor verá queda de 5,35%.

O corte integral, porém, será temporário, informou a Aneel. Valerá apenas em abril, quando a agência devolverá os valores cobrados a mais no ano passado.

A partir daí, as tarifas passarão a refletir o custo de compra de energia sem considerar a usina de Angra 3. Isto é, voltam a subir, mas não ao patamar de antes dos cortes.

A proposta de devolução dos recursos foi anunciada na semana passada, depois que a Aneel reconheceu que, por um erro do sistema, as tarifas de energia no ano passado incluíram valores referentes à usina nuclear de Angra 3.

A usina está com obras paradas desde o final de 2015.

Nesta terça, a Aneel também disse ter descoberto novos pagamentos indevidos, desta vez para a distribuid­ora Amazônia Energia, da Eletrobras. Segundo a agência, a empresa recebeu, de 2009 a 2016, R$ 3,7 bilhões a mais em recursos da CCC (Conta de Consumo de Combustíve­is), fundo que subsidia termelétri­cas em áreas isoladas.

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Flávio Neves - 4.dez.13/Folhapress Plataforma P58, destinada a explorar a camada do pré-sal, parte do porto de Rio Grande (RS) rumo à bacia de Campos

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