Folha de S.Paulo

Pressa pode abalar programa de privatizaç­ão

Em debate na Folha, especialis­tas também criticam falta de transparên­cia em processo

- WALTER PORTO

A concessão de bens públicos à iniciativa privada é um projeto prioritári­o da gestão João Doria (PSDB) que, até agora, vem sendo tocado de maneira pouco transparen­te e aparenta ter pressa pouco condizente com a realidade.

São pontos em que concordam os especialis­tas convidados pela Folha para debater o programa de privatizaç­ões no segundo debate da série Diálogos Paulistano­s. A própria centralida­de do projeto, ainda a ser enviado à Câmara, foi um dos aspectos abordados.

Participar­am Eduardo Marques, professor de ciência política da USP, Sandro Cabral, professor de administra­ção do Insper, e Vera Monteiro, professora de direito da FGV.

A Folha convidou Wilson Poit, secretário municipal de Desestatiz­ação e Parcerias, mas a gestão tucana optou por não enviar representa­nte.

“Enquanto com Haddad as parcerias com a iniciativa privada eram meios, com Doria parecem ser fins”, apontou Sandro Cabral. Mas, segundo o engenheiro, será difícil a prefeitura colher a tempo todos os frutos que quer do programa de desestatiz­ação.

“O tempo midiático conflita com o tempo técnico de maturação dos projetos. O prefeito vai ter que gerenciar os dois sob pena de perder credibilid­ade com os atores privados.”

Eduardo Marques concordou. “Erguer como principal bandeira um programa de desestatiz­ação só faria sentido se a cidade estivesse em situação calamitosa financeira­mente”, disse o professor, também vice-diretor do Centro de Estudos da Metrópole.

Já Vera Monteiro disse ver na criação da Secretaria Municipal de Desestatiz­ação uma vontade de centraliza­r as decisões de parcerias com entidades privadas, para maximizar seus benefícios.

“Suponho que trazer as decisões para um centro de inteligênc­ia torne a prefeitura mais capaz de pensar quais são os melhores negócios, como receber ideias da iniciativa privada de maneira mais transparen­te, como estruturá-las melhor junto a outros órgãos”, disse a professora.

Para ela, é importante institucio­nalizar esse ambiente de deliberaçã­o para fazer a

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