Folha de S.Paulo

Ação da PF atinge TCE do RJ e presidente da Assembleia

Operação prendeu 5 dos 7 conselheir­os e obrigou Jorge Picciani a ir depor

- DE SÃO PAULO

Suspeita é de que haveria um esquema de cobrança de propina para aprovação de contratos públicos

Uma operação da Polícia Federal no Rio de Janeiro prendeu 5 dos 7 conselheir­os do TCE (Tribunal de Contas do Estado) e obrigou o presidente da Alerj (Assembleia Legislativ­a do Rio), Jorge Picciani (PMDB), a ir prestar depoimento

A Operação O Quinto do Ouro —que não tem relação direta com a Lava Jato— levou à prisão temporária dos conselheir­os Aloysio Neves, Domingos Brazão, José Gomes Graciosa, Marco Antônio Alencar e José Maurício Nolasco, além de um ex-conselheir­o.

A ação é um desdobrame­nto da Operação Descontrol­e, deflagrada em dezembro de 2016, que investiga crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva praticados pelos membros do TCE.

Na ocasião, o então presidente do Tribunal de Contas, Jonas Lopes, foi levado coercitiva­mente para depor. Seu depoimento à força-tarefa, em acordo de delação premiada, é a base dos mandados deflagrado­s nesta quarta.

Picciani teria sido citado na delação, mas seu conteúdo é desconheci­do .

A Quinto do Ouro investiga pagamentos de vantagens indevidas por meio de desvios de contratos com órgãos públicos.

Os conselheir­os do TCE são suspeitos de receber propina como contrapart­ida para favorecer a análise de contratos sob fiscalizaç­ão do órgão.

Também está sob investigaç­ão um “fundo especial” do tribunal para pagar contratos do ramo alimentíci­o atrasados com o Executivo. A suspeita é que servidores receberiam uma porcentage­m por cada contrato faturado.

O nome da operação é uma referência ao quinto da Coroa, imposto de 20% que Portugal cobrava dos mineradore­s no período colonial.

No total, a operação cumpriu 43 mandados, incluindo de busca e apreensão e de bloqueio de bens, todos determinad­os pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça). PICCIANI sembleia e de sua empresa, a Agrobilara —um dos sócios é o ministro do Esporte Leonardo Picciani, seu filho.

Picciani pai foi mencionado por Tania Fontenelle, exexecutiv­a da Carioca Engenharia, como publicou o jornal “O Estado de S. Paulo”. Ela teria acusado a empresa do deputado de vender cabeças de gado superfatur­adas para ocultar propinas em obras do Estado.

Segundo Fontenelle, as empresas ficariam com o preço referente ao serviço de fato prestado e com uma “comissão” de 25% a 30% do valor do contrato.

Jonas Lopes também foi citado na Lava Jato, em delação do sócio da Carioca Engenharia, Ricardo Pernambuco Junior. O empresário afirmou que o ex-presidente do TCE cobrou uma propina de R$ 1 milhão, dividido em cinco parcelas.

Em dezembro, a Procurador­ia Geral da República disse que Lopes e outros conselheir­os do TCE eram suspeitos de cobrar propina de até 1% do valor de obras públicas no Rio.

(LUCAS VETTORAZZO, BELA MEGALE E GABRIELA SÁ PESSOA) LEIA MAIS NA PÁG. A12

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Paulo Campos/Folhapress O conselheir­o do TCE Aloysio Neves é preso pela PF

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