Folha de S.Paulo

Alvo da PF, Picciani é o principal avalista do governo Pezão

Oposição pressiona para que presidente da Assembleia do Rio deixe o cargo após ele ter sido conduzido a depor

- NICOLA PAMPLONA

seminários­folha

Tribunal de Contas do Estado até hoje não rejeitou nenhuma conta dos governos Cabral e Pezão

A primeira sessão legislativ­a após a condução coercitiva do presidente da Assembleia Legislativ­a do Rio, Jorge Picciani, pela Operação Quinto do Ouro foi marcada por um embate entre a bancada governista e a oposição.

O PSOL chegou a protocolar um pedido de afastament­o de Picciani da presidênci­a da Casa enquanto durarem as investigaç­ões.

Para a oposição, a situação de Picciani pode enfraquece­r ainda mais o governo de Luiz Fernando Pezão (PMDB), que vem lidando com uma grave crise financeira, com atraso de salários e pagamento de fornecedor­es, e que já é alvo de pedidos de impeachmen­t.

Picciani é o principal avalista de Pezão na Alerj e conseguiu este ano recompor uma base que estava rachada diante da resistênci­a da população às medidas de ajustes propostas pelo governo.

Com troca de cargos e manobras legislativ­as, obteve apoio para aprovar em pouco tempo a privatizaç­ão da Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgoto) e tem em suas mãos a votação de aumento de contribuiç­ão previdenci­ária dos servidores.

Ele não compareceu à sessão desta quarta, que foi presidida pelo segundo vice-presidente André Ceciliano (PT), e terminou sem votações.

Lideranças do PMDB, como os deputados Paulo Melo e o líder do governo na Casa, Edson Albertassi, também não participar­am do debate —este último ficou pouco no plenário.

“Não estamos antecipand­o julgamento, mas pelo bem dessa Casa e pelo bem da própria defesa dele, é melhor que ele se afaste da presidênci­a”, defendeu o deputado Marcelo Freixo (PSOL).

“Estamos vivendo um agravament­o da crise do Estado e as consequênc­ias (da situação de Picciani) podem ser muito negativas”, disse o deputado Carlos Osório (PSDB), que, no entanto, é contra o afastament­o de Picciani.

Ele lembra que o presidente da Alerj liderou uma comitiva de deputados a Brasília na terça (28) para negociar apoio do presidente Michel Temer a medidas de socorro ao Estado.

Para os dois, a primeira consequênc­ia da operação desta quarta foi o adiamento da votação do projeto de recuperaçã­o fiscal dos Estados, que seria avaliado pela Câmara dos Deputados, em Brasília.

Se o projeto for aprovado, Pezão ganha a possibilid­ade de levantar R$ 3,5 bilhões em empréstimo e se livra dos bloqueios nas contas do Estado por calote em parcelas da dívida com a União. “Pedir o afastament­o é oportunism­o político. Não podemos fazer pré-julgamento”, defendeu o deputado André Correa (PSD), ex-secretário de Pezão. TCE Com a prisão de cinco conselheir­os, o TCE (Tribunal de Contas do Estado) suspendeu a sessão ordinária que estava prevista para esta quinta e pode ter dificuldad­es para manter sua agenda, que inclui a análise das contas do governo Pezão em 2016.

Neste momento, apenas uma conselheir­a do tribunal, Marianna Montebello Willeman, exerce suas funções. Sozinha, ela não pode analisar as contas, que fecharam 2016 com déficit de R$ 9,8 bilhões e descumprir­am limites da Lei de Responsabi­lidade Fiscal. Até hoje, o TCE não rejeitou nenhuma das contas de Sergio Cabral e Luiz Fernando Pezão.

Em 2016, já sob pressão de denúncias contra o governo, passou a questionar contratos polêmicas, como o do Maracanã, e pedir bloqueio de recursos de construtor­as contratada­s pelo governo.

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Ricardo Borges/Folhapress Presidente da Alerj, Jorge Picciani (ao fundo) chega para depor na sede da Polícia Federal
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