Reino Unido oficializa negociação para deixar a União Europeia
Britânicos terão dois anos para acertar detalhes da ruptura, mas europeus prometem rigidez
Merkel rejeita negociar acordos comerciais até saída; multa e direitos de imigrantes europeus são temas urgentes
O Reino Unido formalizou nesta quarta-feira (29) o pedido de saída da União Europeia, o “brexit”, com o envio da carta da primeira-ministra Theresa May ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk. Nela, foi evocado o artigo 50 do Tratado de Lisboa, gatilho para a separação.
O Conselho Europeu reúne a liderança europeia e dá a direção política do bloco. Tusk afirmou que a UE já sente “a falta do Reino Unido”. “Não há motivos para fingir que este é um dia feliz. Nem em Bruxelas, nem em Londres.”
Uma vez disparado o gatilho, o governo britânico e a União Europeia têm agora dois anos para negociar os detalhes de sua ruptura, após 44 anos de integração.
Em março de 2019, May deverá ter cumprido a tarefa histórica —e controversa— de deixar o bloco. Ela se opunha à decisão antes do plebiscito de junho, em que a saída foi aprovada com 52% dos votos.
Minutos depois de iniciar a ruptura, a chefe de governo discursou no Parlamento. “Chegou o momento de nos unirmos e trabalharmos juntos para conseguir o melhor acordo”, disse, e insistiu em que a medida é irreversível.
Do lado de fora, manifestantes contrários ao “brexit” tocavam a trilha sonora do momento do naufrágio no filme “Titanic” (1997). “O Reino Unido está afundando!”, gritou um homem vestido de capitão ao ser evocado o artigo 50 do Tratado de Lisboa. NEGOCIAÇÕES debate “União Europeia, 60 anos”. Participarão João Cravinho, embaixador da UE no Brasil; Kirstyn Inglis, professora-visitante britânica do IRI-USP; e Giorgio Trebeschi, economista do Banco Central da Itália. A colunista Maria Cristina Frias e o repórter especial da Folha Igor Gielow farão a mediação. O evento começa às 18h na sede da Folha (al. Barão de Limeira, 425, SP). As