Folha de S.Paulo

PF não foi responsáve­l, afirma Kátia Abreu

- DIMMI AMORA

mento de salários nas fazendas podem ficar pendentes.

Os frigorífic­os não têm posição unânime em relação ao cenário atual deixado pela operação da PF.

Enquanto alguns oferecem até R$ 10 a menos por arroba de boi gordo, outros mantiveram o preço praticado antes da crise. Nesse caso, principalm­ente para os bois mais bem terminados.

Nem todos os frigorífic­os fecharam unidades para abates, mas alguns pedem um adiamento do pagamento dos animais para até 45 dias, ante os 30 tradiciona­is.

Ex-ministra da Agricultur­a no segundo mandato de Dilma Rousseff, a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) afirma que faltou responsabi­lidade da Polícia Federal na Operação Carne Fraca.

“Não quero dizer que eles não descobrira­m coisa. Descobrira­m corrupção, sim. Agora a forma de comunicaçã­o foi um desastre. Pelo que vi na TV, se eu não entendesse do assunto, não comia carne nunca mais.”

A operação da PF investiga um esquema de pagamentos a fiscais do Ministério da Agricultur­a por frigorífic­os. Ela também apontou evidências de irregulari­dades na produção de carne por algumas das empresas investigad­as.

Segundo ela, indicação política é um hábito, mas que nunca recebeu ordens de Dilma para colocar alguém no seu período comandando o Ministério da Agricultur­a.

“Não sou contra indicação política. Sou contra as sem consistênc­ia e irresponsá­veis”, diz. “Você é ministro, tem partido. Tem que conviver bem com a bancada. Desde que não seja nada que não seja republican­o, você vai.”

Kátia afirma que a pasta no seu período (2015-2016) pertencia ao PMDB do Senado e que as superinten­dências do ministério foram oferecidas à bancada do seu partido.

“Dentro do ministério, a única indicação foi de Santa Catarina para esse que está preso [Fábio Zanon, assessor parlamenta­r do Ministério da Agricultur­a].”

De acordo com a investigaç­ão da Polícia Federal, as propinas pagas a fiscais do Ministério da Agricultur­a para afrouxar a fiscalizaç­ão em frigorífic­os abastecera­m partidos políticos.

A PF não sabe, porém, os motivos que levaram os fiscais a repartir parte dos valoresrec­ebidos—porindicaç­ões políticas ou outras razões.

A senadora afirma que não é possível pensar em risco zero dentro da pasta.“Estamos lidandocom­pessoas,comdoenças. Nesse caso, a praga foi corrupção.Aosair,deixeiport­aria para que todas as superinten­dências tivessem de ser de carreira. Os políticos acharam que era um castigo.” Leia entrevista com a ex-ministra da Agricultur­a folha.com/no1871041

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Pedro Ladeira/Folhapress A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), para quem ação da PF foi desastre de comunicaçã­o

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