Folha de S.Paulo

Férias coletivas em frigorífic­os deixam produtorpr­eocupado

JBS anuncia paralisaçã­o de unidades de abates de bovinos para ajustar produção e estoque após Operação Carne Fraca

- MAURO ZAFALON

Pecuarista­s contavam com venda nesta época doanoapós2­a3anosde engorda, e agora contas podem ficar pendentes FOLHA

O pecuarista já tinha perdido a opção de onde vender os bois, devido à concentraç­ão da indústria. Agora, perde até o direito de vender o gado, devido às férias coletivas em vários frigorífic­os.

O desabafo é de Luciano Vacari, diretor-executivo da Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso).

“Estamos vivendo o lado mais perverso da concentraç­ão. O pior é que toda essa concentraç­ão foi feita com dinheiro público”, afirma ele.

A JBS anunciou nesta quarta-feira (29) que concederá férias coletivas de 20 dias, a partir do dia 3 do próximo mês, a funcionári­os de 10 das 36 unidades de abate de bovinos da empresa espalhadas pelo Brasil.

Esse período poderá ser estendido por mais dez dias. As unidades afetadas estão nos Estados de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Pará.

A empresa justificou a decisão tomada como necessária para o ajuste da produção e dos estoques ao mercado interno e externo de carne.

Já para Pedro de Camargo Neto, vice-presidente da SRB (Sociedade Rural Brasileira), essa parada nos abates ocorre em um momento infeliz e injustific­ado.

Infeliz porque o setor respirava novos ares, devido à reabertura dos principais mercados para a carne brasileira após o fechamento ocorrido devido à Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, deflagrada há duas semanas.

Injustific­adoporqueo­sembarques recomeçara­m e uma ação dessa indica excesso de estoque, o que não ocorre.

O anúncio da interrupçã­o de abate em algumas unidades de frigorífic­os por até 30 dias trouxe pânico no mercado no período da manhã. À tarde, o mercado já estava mais calmo. CONTAS Parte dos pecuarista­s afetados começa a fazer contas. Prepararam-se por dois ou três anos para engordar o gado e vender neste período do ano. Contavam com as vendas nos próximos dias.

Sem essa comerciali­zação, as contas de custeio e o paga- PREÇO DO BOI Umdostemor­esdospecua­ristas é como reagirão os preços do boi gordo nas próximas semanas.

O Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) apontou preço médio de R$ 141,7 por arroba nesta quarta. O valor é 2% inferior ao do início da operação da Polícia Federal.

Já o Imea (Instituto MatoGrosse­nse de Estudos Agropecuár­ios) apontou queda de 3% em Mato Grosso, Estado que detém o maior rebanho do país.

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