Exilada, cobriu conflitos em Israel
Tinha Guila Flint apenas 14 anos quando embarcou sozinha no porto de Santos com destino a Israel em um exílio forçado por seus pais, preocupados com sua segurança na fase mais violenta da ditadura militar, em 1969.
Mas não lograram se a intenção era afastá-la da militância política, com que ela se envolvera no ano anterior em protestos contra o AI-5.
Viveu um ano em um kibutz, comunidade igualitária, antes de se mudar para Tel Aviv, onde passou a integrar grupos de intelectuais favoráveis à criação do Estado palestino —chegou a ser presa cinco vezes antes dos 25 anos, conta seu irmão, Igal.
“Pensava primeiro nos outros e depois nela”, resume o irmão, destacando a longa lista de amigos de Guila.
Começou a trabalhar com tradução do português para o hebraico nos anos 1980 e entrou para o jornalismo na década seguinte, primeiro escrevendo sobre o Brasil para jornais israelenses e, depois, cobrindo Oriente Médio para veículos brasileiros, como BBC Brasil, Opera Mundi e “O Estado de S. Paulo”.
Publicou dois livros sobre o assunto: “Miragem de Paz — Israel e Palestina” e “Israel Terra em Transe”.
Nunca perdeu os vínculos com a terra natal, mantendo contato com artistas e intelectuais brasileiros.
Tentou voltar ao Brasil em 1974, mas foi barrada em Tel Aviv, contou anos depois. Fazia visitas esporádicas ao país desde 1979, após a Lei da Anistia, e mudou-se de volta no fim do ano passado, ao ser diagnosticada com câncer.
Morreu no último domingo (26), aos 62. Deixa o irmão e dezenas de amigos. coluna.obituario@grupofolha.com.br
VOCÊ DEVE PROCURAR O SERVIÇO FUNERÁRIO MUNICIPAL DE SP: tel. (11) 3396-3800 e central 156 site: www.prefeitura.sp.gov. br/servicofunerario
Serão solicitados os seguintes documentos do falecido: Cédula de identidade (RG); Certidão de Nascimento (em caso de menores); Certidão de Casamento.
AVISO GRATUITO NA SEÇÃO site: folha.com/mortes
Até as 15h, ou até as 19h de sexta para publicações aos domingos. Enviar número de telefone para checagem das informações.