O PAI DO UIRAPURU ‘Nunca fui fã de passarinho’, diz autor das fotos
Ornitólogo de 87 anos foi um dos primeiros brasileiros a viajar pelo país para observar e gravar pássaros raros e oferece diariamente ‘café da manhã’ para aves de SP
TIÊ-SANGUE FOLHA
A revoada de garças-vaqueiras que ilustra a capa deste caderno, bem como todos os incríveis “retratos” de pássaros por aqui são obra do fotógrafo Flavio Moraes.
Piracicabano de 38 anos, ele afirma fotografar aves como hobby: a cada 15 dias, faz uma pausa na sua agenda profissional agitada, que inclui a cobertura de grandes shows e eventos, para se enfiar no meio do silêncio do mato e passar um dia inteiro com a câmera na mão, pronto para capturar a imagem ao sinal de um bater de asas.
Para registrar as criaturas bem de pertinho, Moraes é capaz de ficar horas a fio com as pernas submersas em lodo e adentrar selva fechada na madrugada —é aficionado por corujas. “É muito difícil registrar um bicho que pula e voa. À noite, é preciso que outra pessoa o ilumine com uma lanterna”, diz.
Atrás de espécies diferentes, o fotógrafo viaja pelo Estado de São Paulo, do interior ao litoral.
Se comparada à sua atividade profissional de mais de uma década, a paixão pelo birdwatching é recente. Faz quatro anos que apontou pela primeira vez a câmera para uma ave, em uma viagem a Paraty (RJ).
“Nunca fui fã de passarinho”, conta. “Estava na praia com o meu equipamento e quis fotografar, de forma descompromissada, um tiê-sangue, ave-símbolo da mata atlântica.”
Bastou para que tomasse gosto. O novo hobby o fez se encantar outra vez pela profissão. “Estava de saco cheio do trabalho, nem encostava na máquina no tempo livre. A sensação de ver e ouvir animais selvagens no seu ambiente mudou minha vida.”