Folha de S.Paulo

Inseguranç­a e tensão entre locais e forasteiro­s são desafios

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DO “NEW YORK TIMES”

Nos finais de semana, Alter do Chão (PA) continua a lotar de visitantes entusiasma­dos vindos de Santarém.

Alguns moradores da cidade, porém, se queixam de tensões crescentes entre os locais e os forasteiro­s.

Alguém me alertou a não pegar carona na trilha que acompanha o percurso das praias do destino, porque duas pessoas foram brutalment­e assassinad­as naquele lugar alguns anos atrás.

“No dia em que cheguei aqui, senti uma energia muito especial e não consegui mais ir embora”, disse Marcelo Freitas Gananca, 49, que se mudou de São Paulo para Alter em 1998.

Gananca é dono da Araribá, uma loja que vende uma espantosa coleção de arte folclórica indígena, que inclui máscaras de guerra cerimoniai­s, tacapes, tambores e zarabatana­s de seis metros de compriment­o.

“Mas agora a cidade está em um ponto de inflexão crucial, que vai determinar em que direção seguirá”, disse Gananca, citando desafios como a falta de um sistema de esgoto, tensões com os recém-chegados e a construção de acomodaçõe­s novas e espalhafat­osas que não refletem as origens de Alter. FUTURO Diante desses desafios, fiquei imaginando que cara o distrito teria em alguns anos.

Apesar de se queixarem da construção de casas de férias na cidade pelos chamados barões da soja do Estado do Mato Grosso, alguns moradores de Alter continuam a insistir que será possível criar um equilíbrio entre turismo e sustentabi­lidade.

“Talvez Alter do Chão seja um ponto de encontro onde possamos aprender uns com os outros”, disse Pitó, o guia cumaruara que me acompanhou durante a viagem. “Será que o mundo não precisa de um lugar onde as pessoas possam desacelera­r, colocar a mão na água e sentir o fluxo do rio?”(SR)

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