Plataformas prescrevem exercícios usando algoritmos;
Tecnologias ajudam a motivar, mas não reduzem riscos de prática sem supervisão, de acordo com especialistas
Os aplicativos de exercício prometem acabar com as principais desculpas dadas por sedentários para ficar longe da academia: falta de tempo, de dinheiro e de motivação —razões citadas por aqueles que não praticam atividade física (46% dos brasileiros), segundo levantamento do Ministério do Esporte.
As novas plataformas turbinam vídeos de exercício estilo Jane Fonda com algoritmos que prescrevem séries específicas e até imitam um personal trainer —com grito na orelha e tudo.
Um dos serviços mais populares é o Freeletics, que só no Brasil tem um milhão de usuários (ou “atletas livres”, como diz o aplicativo).
Ao se cadastrar, a pessoa diz quanta atividade física faz e enumera seus objetivos (perder peso, ganhar condicionamento). Depois, recebe o primeiro treino. Vídeos demonstram as posições corretas, mas o usuário executa a série por sua conta e risco.
O BTFit, aplicativo do grupo Bodytech, prescreve o exercício e emite alertas durante o treinamento, ajudando na contagem e lembrando posições certas. “A pessoa se sente apoiada, o que às vezes nem na academia acontece”, afirma Flávia da Justa, diretora de TI do BTFit.
O apoio virtual foi decisivo para tirar do sofá a psicóloga Ana Agostini, 36, há dois anos. A mudança começou quando ela viu seu marido fazendo “burpees”, atividade que combina pulo, agachamento e flexão. “Pensei que jamais faria isso. Era sedentária e tinha compulsão alimentar. Um dia, decidi me cadastrar no Freeletics e viciei.”
Perdeu 20 quilos, disputou uma meia-maratona e corridas com obstáculos. Hoje, planeja mudar de carreira. “Quero trabalhar com isso.”
Um estudo americano publicado no “Journal of Medical Internet Research”, em 2015, mostrou que esses aplicativos realmente aumentam a adesão aos exercícios. “São ferramentas interessantes, indicadas para pessoas que precisam de um empurrão para vencer a inércia”, afir- ma Marcelo Bichels Leitão, médico membro da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte.
A falta de um especialista para monitorar o treino não o assusta: “É melhor fazer uma atividade sem supervisão do que não fazer nada.”
O educador físico István de Abreu Dobránszky, diretor da Faculdade de Educação Física da PUC-Campinas, discorda. Ele estudou esses aplicativos por 18 meses e aponta uma falha: nenhum avalia a postura do usuário antes de prescrever a série.
“Os exercícios devem ajudar a corrigir, não a piorar vícios posturais. Sem orientação, há risco de o problema evoluir para uma lesão”, diz.
Para o fisioterapeuta Thiago Fukuda, diretor-clínico do Instituto Trata, os aplicativos são bons para quem já tem consciência corporal.
“Quem está tentando começar uma atividade do zero pode ter mais malefícios que benefícios”, afirma. Plataforma do grupo Bodytech, lançada em outubro de 2015. A versão gratuita dá acesso a uma aula por dia. A versão paga inclui personal trainer on-line e acesso ilimitado ao conteúdo SITE bt.fit QUANTO R$ 14,99/mês no Google Play e US$ 4,99 (R$ 15,62)/mês na App Store Oferece exercícios funcionais elaborados por treinadores da Nike. As atividades são divididas em três categorias: força, resistência e mobilidade. O treino é montado de acordo com o perfil e os gostos do usuário SITE nike.com.br/apps/ntc QUANTO gratuito