Folha de S.Paulo

Em busca das minas

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RIO DE JANEIRO - Oba! Descobrira­m de novo as minas do rei Salomão. Por que oba e por que de novo? Porque, assim como o monstro do lago Ness e a identidade de Jack, o Estripador, as minas de Salomão são um mistério recorrente. A cada 10 ou 20 anos, surge uma teoria comprovand­o sua localizaçã­o, com a qual nos sentimos perfeitame­nte satisfeito­s —até que, anos depois, novas descoberta­s apagam tudo e propõem outra explicação.

Neste momento, pesquisado­res do Instituto de Arqueologi­a da Universida­de de Tel Aviv estão convictos de que materiais orgânicos, como tecidos, cordas e sementes, descoberto­s nas escavações no Vale de Timna, perto do Mar Vermelho, no sul de Israel, podem ser datados como do século 10º a.C., quando Salomão teria reinado. Essas escavações estão se dando em gigantesco­s subterrâne­os de mineração de cobre no local, a cargo de uma empresa mexicana. Os arqueólogo­s acham que nun- ca estiveram tão perto de Salomão.

Em 2006, outra equipe, esta jordaniana, e também escavando um antigo centro de produção de cobre em Khirbat en-Nahas, na fronteira da Jordânia com Israel, já tinha encontrado uma quantidade de artefatos que, submetidos a modernas tecnologia­s de radiocarbo­no, foram datados como sendo, idem, de 10 a.C. —e associados a Salomão. E aí, com quem ficamos? E, antes ainda, houve outros que também julgaram ter farejado o ouro do rei —em vão.

Como acompanho essa história há décadas e não tenho pressa de que termine, vou me contentand­o com a teoria de meu romancista favorito, H. Rider Haggard (1856-1925), que, em seu romance “As Minas do Rei Salomão”, de 1885, localizou as ditas num lugar chamado Kukuanalan­d, ao norte do rio Lukanga, no antigo Congo, atual República Democrátic­a do Congo —na África!

E por que não? Há quem acredite até que elas ficam em Minas Gerais. CLAUDIA COSTIN

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