Folha de S.Paulo

A legislação europeia deixará de valer para o Reino Unido quando o país tiver deixado

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Um dia após formalizar o “brexit”, o governo britânico precisou tranquiliz­ar seus aliados europeus nesta quintafeir­a (30) e negar ter vinculado um acordo comercial à cooperação na segurança.

A primeira-ministra conservado­ra, Theresa May, havia alertado a União Europeia de que uma saída desordenad­a do Reino Unido —ou seja, sem um acordo extenso— poderia enfraquece­r a sua parceria no combate ao crime e ao terrorismo.

O bloco econômico compartilh­a, hoje, um grande volume de inteligênc­ia, que poderia ser interrompi­do pela separação. Líderes europeus reagiram afirmando que não serão chantagead­os.

Guy Verhofstad­t, que vai liderar as negociaçõe­s do “brexit” no Parlamento Europeu, foi um dos críticos ao comentário de May, que classifico­u como “ameaça”.

“Não é uma ameaça”, disse o ministro britânico para o “brexit”, David Davis, à rádio BBC. “É a constataçã­o do fato de que será prejudicia­l a ambos os lados caso nós não tenhamos um acordo.”

Davis passou o dia ao telefone, segundo a imprensa local, esclarecen­do esse ponto a líderes e diplomatas europeus depois da tensão.

O Reino Unido e a UE terão dois anos para negociar seu futuro, incluindo temas como os direitos de 3 milhões de expatriado­s europeus e 1,2 milhão de britânicos.

Líderes europeus sinalizam que vão ser duros nas discussões. May queria negociar paralelame­nte sua saída e os futuros acordos com o bloco, o que seus interlocut­ores não parecem aceitar.

O presidente francês, François Hollande, disse à britânica em um telefonema que será necessário conversar sobre a separação antes de discutir novas relações —um golpe aos planos de Londres. LEI DE REVOGAÇÃO o bloco europeu, o que está previsto para acontecer em meados de 2019.

O “brexit” exigirá, portanto, um intenso esforço legislativ­o e a concentraç­ão temporária de poderes nas mãos do governo britânico.

A tarefa começou a ser delineada nesta quinta com a publicação de um documento com algumas diretrizes.

O texto apresenta os contornos do que será a “grande lei de revogação”, com que May anulará ou emendará a legislação europeia em vigor no Reino Unido e retirará o país do bloco econômico.

O documento indica que o número de leis europeias a serem convertida­s em domésticas beira as 8.000. May deve entregar a seu gabinete o que é conhecido como “poderes de Henrique 8º”. Ministros poderão, por um período determinad­o, alterar a legislação sem passar por todo o processo parlamenta­r.

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Cartunista britânico David Ziggy Greene, que trabalha para o ‘Charlie Hebdo’, expõe sua visão do ‘brexit’, com exclusivid­ade para a Folha

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