Folha de S.Paulo

Com a inflação dando si-

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nais de estar sob controle e a economia ainda andando em ritmo fraco, o Banco Central fala em “intensific­ação moderada” do ritmo de cortes da taxa de juros básica da economia, a Selic.

Na sua reunião em fevereiro, o Copom (comitê do BC que define os juros) reduziu a taxa em 0,75 ponto percentual, para 12,25% ao ano.

“A consolidaç­ão do cenário de desinflaçã­o mais difundida, que abrange os componente­s da inflação mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, fortalece a possibilid­ade de uma intensific­ação moderada do ritmo de flexibiliz­ação da política monetária, em relação ao ritmo imprimido nas duas últimas reuniões do Copom”, indica o Relatório Trimestral de Inflação, do Banco Central.

O BC revisou sua previsão para a inflação oficial de 2017 de 4,4% para 3,9%. A variação de preços prevista está abaixo do centro da meta de inflação para o ano, de 4,5%.

Em 2018, de acordo com projeção do relatório, a expectativ­a é que o IPCA (índice de inflação que é referência para as metas do Banco Central) fique em 4,3%.

Em ambos, o cenário é mais otimista do que os analistas consultado­s semanalmen­te pelo BC para o Boletim Focus. Para este ano, eles preveem alta dos preços de 4,1%, e, para 2018, de 4,5%.

Além da inflação sob controle, o BC vê a economia ainda mais desaquecid­a, já que reviu sua projeção para o PIB de 0,8%, no relatório anterior, em dezembro, para 0,5%.

A projeção para o consumo das famílias, que era de alta de 0,4% no fim do ano passado, foi revisada para um cresciment­o de 0,5% —em 2016, esse indicador caiu 5,2%, o pior resultado da série histórica.

“Esse cenário repercute o ambiente de aumentos da renda real e dos indicadore­s de confiança, os impactos da liberação dos recursos das contas inativas do FGTS e as perspectiv­as de estabiliza­ção do mercado de trabalho, no segundo semestre”, afirma o relatório do Banco Central. META DE INFLAÇÃO O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que o governo reavaliará a meta de inflação estabeleci­da para 2018 em junho, quando ele terá que definir a meta a ser perseguida pelo Banco Central 2019.

“Estamos aguardando dados de inflação, a evolução das expectativ­as e temos algum tempo até junho para tomarmos decisão”, disse.

Como a coluna “Painel” informou nesta quinta-feira (30), Meirelles propõe acelerar a queda da inflação baixando a meta estabeleci­da pelo governo para os próximos dois anos. A meta atual, de 4,5%, seria reduzida para 4,25% no próximo ano e 4% no seguinte. O objetivo para o índice tem tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo.

Na avaliação de Meirelles, a redução da meta de inflação teria impacto positivo nas expectativ­as dos investidor­es sobre os rumos da economia brasileira, abrindo caminho para taxas de juros menores.

Mas economista­s temem que no curto prazo a revisão da meta de inflação reduza o espaço que o Banco Central tem para reduzir a taxa básica de juros, principal instrument­o de que dispõe para controlar os preços e cumprir a meta fixada pelo governo. (LAÍS ALEGRETTI E MAELI PRADO)

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