Folha de S.Paulo

Governo tentará aumentar capital estrangeir­o em aéreas

Proposta deve prever alta gradual de percentual que hoje é limitado em 20%

- NICOLA PAMPLONA

Medida é defendida pelas companhias, mas até parlamenta­res da base do governo resistem em apoiá-la

O governo prepara nova proposta para reduzir as restrições ao capital estrangeir­o nas companhias aéreas brasileira­s. A ideia agora é permitir que, em um primeiro momento, as empresas vendam até 49% de suas ações.

Em 2016, o governo tentou eliminar a restrição, permitindo que as empresas vendessem até 100% das ações, mas recuou diante de resistênci­as no Senado. Hoje, estrangeir­os só podem ter até 20% de uma companhia aérea.

“Uma de nossas lutas é pela abertura do capital das companhias aéreas”, disse em palestra nesta quinta (29) o titular da Secretaria de Aviação Civil, Dario Rais Lopes. “O limite de 20% asfixia as empresas”, argumentou.

Segundo ele, o governo vem trabalhand­o em uma medida provisória sobre o tema. Uma das estratégia­s é propor uma liberação gradual. Para vencer resistênci­as, a tendência é evitar a perda do controle nacional no primeiro momento, limitando a participaç­ão estrangeir­a a 49% do capital —limite já proposto pelo governo de Dilma Rousseff.

A abertura é defendida pelo setor aéreo, mas encontra oposição até entre parlamenta­res da base, que falam no risco de perda de soberania.

“[A entrada de capital estrangeir­o] é tendência global”, disse Peter Cerda, executivo da IATA (sigla em inglês para Associação Internacio­nal do Transporte Aéreo). “No Brasil, as empresas ainda são controlada­s pelas mesmas famílias que as criaram.”

Para se capitaliza­r, as companhias brasileira­s têm vendido pequenas fatias de seu capital. Mais de 9% da Gol pertence à americana Delta Airlines. A Latam anunciou em 2016 um acordo para a Qatar Airways comprar até 10% da empresa por meio da emissão de novas ações. A Azul anunciou em 2015 a venda de 23,7% do capital não votante ao grupo chinês HNA.

O limite de 20% definido por lei refere-se a ações ordinárias (com direito a voto). A capitaliza­ção por meio de ações não votantes é livre.

Lopes afirmou que a abertura ao capital estrangeir­o é parte de um processo para modernizar a legislação do setor, que inclui ainda o fim da gratuidade nas bagagens despachada­s, medida suspensa por liminar judicial. “Vamos recorrer até o fim pelas bagagens”,disse.

Segundo ele, a medida reduz os preços das passagens para quem viaja com pouca bagagem. AEROPORTOS Lopes adiantou que, no próximo leilão de aeroportos, ainda sem data marcada, haverá a oferta de um pacote incluindo cinco terminais em Mato Grosso: Cuiabá, Sinop, Alta Floresta, Rondonópol­is e Barra do Garças.

Ele não quis adiantar quais outros aeroportos estão em estudo para a próxima rodada de concessões.

Além disso, haverá uma mudança na regra que limita um mesmo consórcio a comprar apenas um aeroporto por região. Na concorrênc­ia realizada neste mês, uma empresa não poderia ficar com os dois aeroportos do Nordeste. A francesa Vinci, que levou

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