Trecho das anotações da veterinária Veronica Takatsuka: “Segunda-feira. 27/3. Ma-
um filé de merluza. Tarde: quatro filés de merluza. Daniel entrou no tanque. Foi definido um local de alimentação.”
“Terça-feira, 28/3. Posta de bonito, camarão sete barbas, lula, filé de merluza. Introdução do uso de placa para o animal de acostumar ao objeto.”
A placa sinalizadora de Dentinh(a), anexada a um cabo, como se fosse uma vassoura, é magenta e amarela, no formato de uma pipa. Ao introduzir a placa dentro da água, os cuidadores esperam que ela atenda ao chamado e venha comer.
Difere da placa de Mortícia, a tubarão mangona de 1,70 m e quase 60 kg que habita o tanque oceânico de 80 mil litros do Aquário. A placa de Mortícia —que tem cara de tubarão demônio de filme— é no formato do sinal tipográfico til (~) e é branca, amarela e vermelha.
Daqui a cerca de dois meses, quando terminar o período de quarentena de Dentinh(a), ela irá para o tanque junto de Mortícia.
Terá ainda a companhia de um casal de raias (que já teve filhos quatro vezes) e algumas garoupas, xaréus, baiacus e moreias.
Quando se encontrarem, ambas estarão de nome novo. O Aquário vai aproveitar a campanha #BatizeUm Tubarão para mudar também o de Mortícia. “Acho que estava passando ‘Família Adams’ na época. Foi um momento de pouca iluminação”, lamenta Gallo. “É justamente essa associação com a morte que queremos evitar.”
Além do rebatismo, outra coisa une as duas moradoras do Aquário. Ambas as espécies estão ameaçadas de extinção, o lixa desde 2004. A outra, desde 2014 no Brasil (desde 2000 internacionalmente).
Apesar da pesca proibida, a mangona é uma das mais vendidas como cação nas peixarias. Não se engane pelo nome comercial: cação não é tubarão pequeno. Cação é qualquer tubarão capturado, de cabeça arrancada, eviscerado e fatiado em postas.