Folha de S.Paulo

Caixa corta até 20% de verba para atletismo e esporte paraolímpi­co

Entidades terão queda acentuada de patrocínio perante ciclo olímpico anterior

- PAULO ROBERTO CONDE

INVESTIMEN­TO

Uma das principais patrocinad­oras do esporte olímpico brasileiro, a Caixa Econômica Federal vai reduzir o repasse a confederaç­ões para o próximo ciclo olímpico, que se encerra em 2020.

Das estatais que fomentam o esporte olímpico do país, somente o banco e a Petrobras ainda não anunciaram seus programas de investimen­to para os próximos anos.

Mas a Folha apurou que a Caixa já avisou as entidades dos cortes orçamentár­ios. Todos os novos contratos ainda serão assinados e ligeiras variações podem ser feitas.

A CBAt (Confederaç­ão Brasileira de Atletismo), cujo banco é o principal financiado­r, terá redução de 10% no que receberá até os Jogos de Tóquio na comparação com o que teve entre 2013 e 2016.

Na campanha para a Rio2016, a entidade obteve R$ 90 milhões da estatal, que a patrocina há 16 anos.

Nesta temporada o atletismo já verá um retrocesso. O aporte para o ano será R$ 3 milhões menor do que o recebido em 2016 —cerca de R$ 16 milhões para R$ 13 milhões.

Foram quatro ciclos olímpicos com apoio da Caixa. No período, o atletismo brasileiro conquistou duas medalhas de bronze e duas de ouro. Na Rio-2016, a única conquista foi a medalha de Thiago Braz (ouro no salto com vara).

Como a verba da estatal tem demorado a sair, a CBAt já efetuou cortes de pessoal.

O CPB (Comitê Paralímpic­o Brasileiro) foi a entidade esportiva que mais obteve recursos do banco nos últimos anos, mas nem a condição de potência da equipe nacional o poupou de um arrocho.

Dos R$ 120 milhões do ciclo anterior, o comitê terá R$ 95 milhões para 2020 —queda de R$ 25 milhões, ou seja, aproximada­mente 20%.

No caso do comitê, a queda no patrocínio é suavizada pelo aumento no percentual de arrecadaçã­o da Lei Piva —que dá ao esporte parte do obtido com loterias federais. Desde o ano passado, o CPB mais que duplicou seu ganho.

O Brasil terminou os Jogos Paraolímpi­cos do Rio com 72 medalhas, das quais 14 de ouro, e na oitava posição segundo o número total de pódios.

Nos Jogos do Rio, a ginástica brasileira teve o melhor desempenho de sua história, com duas pratas e um bronze —todas no masculino.

Mas também deve sofrer alguma redução no contrato com a Caixa, que patrocina a CBG (Confederaç­ão Brasileira de Ginástica) desde 2006 e lhe destinou R$ 35 milhões entre 2013 e 2016. COMPASSO DE ESPERA Outras duas confederaç­ões patrocinad­as pelo banco até o final de 2016 ainda aguardam definição quanto à renovação de seus contratos.

A Confederaç­ão Brasileira de Wrestling, que regula as lutas associadas, ganhou um pouco mais de R$ 11 milhões da estatal no último ciclo.

Se o vínculo for renovado, deve ocorrer um abatimento de R$ 2 milhões no investimen­to. A expectativ­a é a de que uma definição ocorra na primeira semana de abril.

Com o ciclismo a situação é idêntica. Recebedora de R$ 17 milhões entre 2013 e 2016, a confederaç­ão brasileira da modalidade já trabalha com declínio no patrocínio.

Oficialmen­te, a Caixa afirmou à Folha que “não se manifestar­á sobre os patrocínio­s às confederaç­ões enquanto as negociaçõe­s não estiverem finalizada­s”.

A instituiçã­o planejava definir seu plano de ação em relação aos patrocínio­s no máximo até meados de janeiro.

A Caixa anunciou na terçafeira (28) que em 2016 teve queda de 42% em seu lucro em relação a 2015 —caiu de R$ 7,1 para R$ 4,1 bilhões.

Estatais como Correios e Banco do Brasil também anunciaram cortes em repasses para confederaç­ões esportivas.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil