‘Moulin Rouge’ abre especial Ewan McGregor
rio Otomano, durante a Primeira Guerra. O autor passou a andar com seguranças, após ser ameaçado
Mas há quem diga que, por vias tortuosas, a censura é um reconhecimento do poder da cultura humanista. O que o escritor pensa?
“É uma tentativa de consolo que tenho ouvido há décadas vinda dos europeus. Eu andava com seguranças e eles diziam: ‘Nossa, você é tão importante! Na Suíça ninguém nos persegue!”, ironiza.
“Não me sinto consolado. Só quero escrever em um país livre, onde não sinta medo de ir para o tribunal. Quando eles nos atacam, vemos nosso poder. Mas é o tipo de poder que eu quero.”
A cultura humanista pode fazer algo contra o radicalismo político e religioso?
“Posso ter visões de grandes livros que eu queira escrever, mas antes de tudo sou modesto. Quando o fascismo é muito grande, como o que vem por aí, não há nada que a cultura possa fazer —no máximo ela vai nos consolar, nos ajudar a pensar no futuro”, afirma.
No romance que sai agora no país, Pamuk gira ao redor de Mevlut, um vendedor de comida de rua.
Pela história dele e dos personagens a seu redor, Pamuk olha as mudanças da Istambul a partir dos anos 1960.
O escritor conta que trabalhou com o conceito de microhistória —pelo qual historiadores, como o italiano Carlo Ginzburg, que Pamuk admira, usam casos de pequenos grupos e indivíduos para estudar um período de tempo.
“É um épico da micro-história da cidade. O iogurte [vendido na rua] não é só o iogurte, mas um documento das transformações”, diz Pamuk.
Apesar de Mevlut errar pela cidade à noite, o escritor não gosta de associá-lo ao conceito de flanêur, aquele caminha que vaga pela cidade.
“Isso é coisa de Baudelaire e Walter Benjamin. Nem todo mundo que caminha é flanêur. Flanêur é um cara rico que gosta da complexidade. Mevlut não é isso, ele já é interessante por si só”, diz Pamuk, rindo da provocação. AUTOR Orhan Pamuk TRADUÇÃO Luciano Vieira Machado EDITORA Companhia das Letras QUANTO R$ 74,90 (592 págs.) Se não fosse uma maratona de Ewan McGregor, dava para chamar de “especial impossível”. Em “Moulin Rouge”, que abre a noite, ele interpreta o jovem escritor Christian, que desafia sua família pelo amor proibido com a cortesã Satine.
Depois do musical, o Telecine Touch exibe “O Impossível” e “Amor Impossível”, ambos com o ator —há um padrão na carreira de McGregor. Telecine Touch, a partir das 19h30, 12 anos