‘5 x Comédia’, em 2017, se arrisca por novos caminhos, com acertos e erros
Nos anos 1990, “5 X Comédia” foi uma homenagem ao besteirol, o gênero que havia destampado o humor no fim da ditadura com duplas se apresentando em pequenas salas de Rio e São Paulo. O mesmo que chegou depois a programas como “TV Pirata”.
Diferente do besteirol, já era então, nos anos 90, uma comédia crítica ao “mainstream”, ao estabelecido, mas ao mesmo tempo assimilada por ele. E agora é outra coisa.
“5 X Comédia”, em 2017, tem alguns grandes atores em cena, também novos autores, mas o vínculo com o gênero original, transgressivo, se perdeu. E parece ter se circunscrito de vez à classe média do Rio, tematicamente, hoje um ambiente cultural ainda mais atado à Globo.
Talvez em decorrência disso, o público que vai ao shopping ver o novo espetáculo não tem a juventude daquele que assistia nos anos 90 — ou o engajamento daquele que viu surgir, na ditadura, atores como Miguel Magno e autores como Mauro Rasi.
Apesar do nome, é preciso aceitar “5 X Comédia” como outra coisa, inteiramente. Codirigida por Monique Gardenberg, é visualmente mais apurada, até apolínea, com a cenografia de Daniela Thomas e Camila Schmidt, os figurinos de Cássio Brasil e a iluminação de Maneco Quinderé.
Um acúmulo de qualificação que, é preciso alertar, tromba de frente com a crônica precariedade do Frei Caneca, que vem prejudicando produções seguidamente e quase inviabilizou uma das sessões acompanhadas.
São cinco monólogos sem