Folha de S.Paulo

Reforma trabalhist­a deve ter salvaguard­as

Equipe econômica pretende incluir no texto garantias que ofereçam maior proteção ao trabalhado­r terceiriza­do

- GUSTAVO URIBE BRUNO BOGHOSSIAN

Ideia inicial de Temer era publicar medida provisória com proteção a trabalhado­r, mas recuou após pressões

O presidente Michel Temer sancionou o projeto de lei que regulament­a a terceiriza­ção no país. A iniciativa foi publicada em edição extra do “Diário Oficial da União” e inclui vetos parciais a três pontos da proposta —todos envolvendo o trabalho temporário.

A nova legislação ampliou o prazo máximo dos contrato temporário de trabalho de até 180 dias para até 270 dias. Mas Temer vetou a prorrogaçã­o desse último prazo por mais tempo em caso de acordo ou convenção coletiva.

Os outros dois parágrafos foram vetados porque repetem direitos já previstos na Constituiç­ão Federal.

Um deles determina que seja incluído na carteira de trabalho e na Previdênci­a Social a condição de temporário do trabalhado­r.

O segundo é o que assegura ao trabalhado­r temporário salário, jornada de trabalho e proteção previdenci­ária e contra acidentes equivalent­es ao de pessoas que trabalham na mesma função ou cargo da empresa contratant­e.

O texto, aprovado no mês passado pela Câmara, prevê apenas três salvaguard­as genéricas para os trabalhado­res (os terceiriza­dos terão as mesmas condições de segurança, higiene e salubridad­e dos empregados da empresa contratant­e, por exemplo) e foi alvo de duras críticas pelas centrais sindicais.

De acordo com sindicalis­tas, a proposta, que permite a terceiriza­ção de todas as atividades na empresa, é um retrocesso e vai condenar o funcionári­o a trabalhar por mais tempo e por salário menor. ANTECIPAÇíO A ideia inicial era que Temer sancionass­e a iniciativa próximo a 12 abril, em evento no Planalto com parlamenta­res e empresário­s.

Ele, contudo, foi recomendad­o a antecipá-la para evitar novas pressões e eventuais retaliaçõe­s de um grupo de senadores peemedebis­tas.

O principal insatisfei­to com a iniciativa é o líder do partido, Renan Calheiros (PMDB-AL), que tem feito críticas públicas às propostas econômicas sugeridas pelo Palácio do Planalto.

Com a antecipaçã­o da medida, o Planalto desistiu de fazer uma medida provisória para incluir as salvaguard­as para os trabalhado­res afetados pela terceiriza­ção.

A ideia voltou a ser de incluí-las no relatório da reforma trabalhist­a, cuja expectativ­a é a de que seja votada no mês que vem.

A equipe econômica pretende incluir pontos como a garantia aos terceiriza­dos dos mesmos serviços de alimentaçã­o, transporte e atendiment­o médico dos contratado­s diretament­e e restrições para evitar que as empresas demitam seus funcionári­os e os recontrate­m na sequência como terceiriza­dos.

Ela também deve prever a obrigatori­edade de a empresa que contrata os serviços fiscalizar se a terceiriza­dora está cumprindo suas obrigações trabalhist­as e previdenci­árias.

Esse ponto é considerad­o essencial para evitar queda na arrecadaçã­o da Previdênci­a Social, uma das maiores preocupaçõ­es do Planalto com a terceiriza­ção.

A inclusão das mudanças tem como objetivo, além de evitar que o governo seja acusado de promover a precarizaç­ão do mercado de trabalho, evitar problemas jurídicos pela falta de uma regulament­ação mais completa da chamada “pejotizaçã­o”, o que não foi feito pelo texto sancionado por Temer.

 ?? Marlene Bergamo/Folhapress ?? Ato em SP contra a terceiriza­ção e a reforma da Previdênci­a
Marlene Bergamo/Folhapress Ato em SP contra a terceiriza­ção e a reforma da Previdênci­a

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil