Folha de S.Paulo

Pela 1ª vez em 4 anos, menos de 90 milhões têm uma ocupação

- NICOLA PAMPLONA

Fatia da população apta a trabalhar e com emprego recua a nível recorde

Com o aumento do desemprego no país, que chegou a 13,2% em fevereiro, a taxa de ocupação (medida pelo número de pessoas empregadas entre aqueles com idade para trabalhar) continuou a se deteriorar e atingiu o seu menor patamar desde 2012, quando o IBGE iniciou a pesquisa.

No trimestre encerrado em fevereiro deste ano, apenas 53,4% dos 167,4 milhões de brasileiro­s aptos a trabalhar (ou 89,3 milhões de pessoas) tinham uma ocupação. Foi a primeira vez, desde 2013, que o número de ocupados caiu abaixo de 90 milhões.

Nos três meses imediatame­nte anteriores, esse número era de 54,1% e chegou a estar na casa de 57% em 2014, antes do início da recessão.

“A taxa de ocupação vem caindo de forma muito rápida, o que mostra que a economia está de fato muito fraca neste momento. Não é só uma crise profunda, mas também duradoura”, disse o pesquisado­r da área de economia aplicada do FGV/Ibre, Fernando de Holanda Barbosa Filho.

De fato, os dados divulgados pelo IBGE mostram que a situação piorou.

Em um ano, o número de pessoas na fila do emprego aumentou em 3,2 milhões.

No período, houve grande queda, de 4,8%, no número de trabalhado­res por conta própria, posição que vinha sendo encarada como uma alternativ­a para sobreviver ao Geraldo Alckmin, sancionou na quinta-feira (30) o reajuste de 7,62% do piso salarial de funcionári­os cujas categorias são regidas por leis estaduais. O piso da primeira faixa, que abrange domésticos, pescadores e pintores, passará de R$ 1.000 para R$ 1.076,20. desemprego, e o número de trabalhado­res com carteira assinada recuou 3,3%.

“É uma queda forte e de lenta recuperaçã­o. Ao se destruir um posto de trabalho, a recuperaçã­o leva tempo”, disse Cimar Azeredo, coordenado­r do IBGE.

Ele ressaltou, porém, que os indicadore­s de fevereiro mostram retração menor do que em períodos anteriores. O cresciment­o da taxa de desemprego com relação ao ano anterior, por exemplo, é inferior aos 40,3% verificado­s no mesmo período de 2016.

“Estamos diante de um cenário desfavoráv­el, com recordes de desocupaçã­o, mas as taxas estão subindo menos com relação ao ano passado.”

Azeredo evitou, porém, análises sobre a sustentabi­lidade deste movimento.

Para Barbosa, da FGV, o desemprego só deve começar a recuar no segundo semestre.

Desde antes da crise, no primeiro trimestre de 2014, a taxa de desemprego praticamen­te dobrou e 6,9 milhões de pessoas entraram na fila do emprego no país. Pessoas ocupadas, em % da população em idade de trabalhar 57,3 População ativamente procurando emprego, em % da população economicam­ente ativa

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