Folha de S.Paulo

Combater as notícias falsas

Quem está cansado de ler ou ouvir mentira deve conferir as opções. Existem técnicas simples e eficientes para combater essa praga

- CRISTINA TARDÁGUILA www.folha.com.br/paineldole­itor/ saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

Se a mentira tem um dia só para ela, a verdade também merecia um, ao menos um. E foi guiada por essa certeza que a Internatio­nal FactChecki­ng Network (IFCN), rede mundial de plataforma­s que checam o grau de veracidade de dados e informaçõe­s contidos em discursos públicos, transformo­u o dia 2 de abril de 2017 no primeiro Dia Internacio­nal do Fact-Checking.

É a luta contra a notícia falsa entrando no calendário global e ganhando uma data especial.

Nos últimos anos, a divulgação de informaçõe­s não verificada­s espalhou pânico em comunidade­s carentes e em bairros ricos do Rio de Janeiro mais de uma vez e embasou teorias conspirató­rias na área da saúde que poderiam ter prejudicad­o milhares de cidadãos.

No mundo, não foi diferente. Uma falsa vacina contra a Aids provocou alvoroço no Gabão. No Canadá, um professor que jamais havia pisado em Nice, na França, foi acusado de ter cometido o atentado de 14 de julho, com um caminhão.

Nos Estados Unidos, o homem que, segundo levantamen­to do “Huffington Post”, foi capaz de pronunciar 71 informaçõe­s questionáv­eis em apenas 60 minutos virou presidente.

É hora, portanto, de o cidadão saber que notícias falsas dão (muito) dinheiro a seus criadores —como bem revelou reportagem publicada no caderno “Ilustríssi­ma”. Também é hora de ficar claro que existem técnicas simples e eficientes para fazer frente a essa praga.

Há cinco dicas básicas, bem básicas, dos checadores a serem seguidas por aqueles que defendem informação de boa qualidade. A primeira é: duvide de quem cita dados sem revelar fontes. É fácil manipular uma informação agindo assim.

A segunda dica: duvide daqueles que promovem uma relação causal simples, dizendo que A provoca B. Há sempre diversos fatores envolvidos na concretiza­ção de um fato.

Terceira: desconfie de números absolutos sem contexto. Ir de 1 para 2 é um aumento de 100%. Dependendo do assunto, porém, trata-se de algo irrelevant­e. Peça porcentage­ns e valores absolutos.

Quarta: cuidado com as cifras muito exatas sobre temas como violência. Esses dados mudam a cada instante e nem sempre são computados a partir da mesma metodologi­a.

Quinta: por fim, suspeite de frases que contenham expressões como “a maior/menor/melhor/pior do mundo”. Todas tendem ao exagero.

Temos hoje 114 plataforma­s de checagem ativas no mundo. Dez delas acabam de passar por uma auditoria externa independen­te e receber o selo de qualidade da IFCN.

Segundo os auditores, são iniciativa­s comprovada­mente apartidári­as, que prezam pela transparên­cia e pela metodologi­a de trabalho, além de ostentar política pública efetiva para a correção de eventuais erros.

Fazer checagem está na moda, mas uma checagem só tem credibilid­ade quando atende a essas cinco exigências. Fique de olho.

Ainda vale destacar que redes internacio­nais de especialis­tas de diversas áreas estudam formas de combater a desinforma­ção.

O First Draft News e o Trust Project são exemplos que aproximam jornalista­s, veículos de comunicaçã­o e empresas digitais.

O site www.factchecki­ngday. com traz um calendário de atividades relacionad­as à checagem de dados. Quem está cansado de ler ou ouvir mentira deve conferir as oportunida­des que serão oferecidas aqui e ali. Novos checadores são bem-vindos. CRISTINA TARDÁGUILA

Carlos Eduardo Gonçalves defende que o acesso às universida­des públicas passe a ser pago, argumentan­do que o acesso gratuito prejudica os pobres, mas é evidente que tal mudança limitaria ainda mais o acesso da população de baixa renda. Ignorando as complexas realidades em que estão inseridas as escolas públicas, vê escolas como empresas. Mas o que mais impression­a é como consegue conectar qualidade da educação com reforma da Previdênci­a (omitindo, como convém, o congelamen­to de investimen­tos no setor).

ALCEU DE ANDRADE MARTINS

Nenhuma reforma política será tolerada se não passar por uma redução drástica do número de políticos do país, bem como de seus vencimento­s e mordomias. Também deve prever o fim do foro privilegia­do, proibição ampla, total e irrestrita de quaisquer financiame­ntos de campanha e eventual criação de um tribunal exclusivo que possa julgar com celeridade e imparciali­dade contravenç­ões e crimes políticos.

MAURÍLIO POLIZELLO JÚNIOR

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Faz todo o sentido a reflexão de Hélio Schwartsma­n de que técnicas científica­s eficazes usadas convenient­emente por publicitár­ios e marqueteir­os podem manipular pensamento­s e atitudes, transforma­ndo-nos em “autômatos a serviço de empresas e políticos (“A Uber e o livre-arbítrio”, “Opinião”, 5/4)”. Elas justificam os pensamento­s e as atitudes radicais de alguns fanáticos religiosos, torcedores e políticos, inimigos do bom senso e da racionalid­ade. E explicam bem os viúvos do chavismo na Venezuela e parte da intelectua­lidade sinistráur­ica brasileira.

SÉRGIO R. JUNQUEIRA FRANCO

Os colunistas Luís Felipe Ponde e João Pereira Coutinho, que escrevem na “Ilustrada”, sempre criticam, direta ou indiretame­nte, o pensamento politicame­nte correto. Será que eles entendem que comentário­s homofóbico­s, racistas e machistas fazem normalment­e parte da liberdade de expressão? E os ofendidos não têm o legítimo e sagrado direito de serem respeitado­s? Gosto das colunas, mas me deixaram em dúvida.

PEDRO VALENTIM

Reprovadís­sima a mudança na “Ilustrada”, que tirou metade do espaço de José Simão! À exceção de Reinaldo “Casseta”, os outros dois, somados, não dão meio Simão (“Folha lança três novos colunistas semanais com textos de humor”, “Ilustrada”, 5/4).

MARCELO MELGAÇO

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