Combater as notícias falsas
Quem está cansado de ler ou ouvir mentira deve conferir as opções. Existem técnicas simples e eficientes para combater essa praga
Se a mentira tem um dia só para ela, a verdade também merecia um, ao menos um. E foi guiada por essa certeza que a International FactChecking Network (IFCN), rede mundial de plataformas que checam o grau de veracidade de dados e informações contidos em discursos públicos, transformou o dia 2 de abril de 2017 no primeiro Dia Internacional do Fact-Checking.
É a luta contra a notícia falsa entrando no calendário global e ganhando uma data especial.
Nos últimos anos, a divulgação de informações não verificadas espalhou pânico em comunidades carentes e em bairros ricos do Rio de Janeiro mais de uma vez e embasou teorias conspiratórias na área da saúde que poderiam ter prejudicado milhares de cidadãos.
No mundo, não foi diferente. Uma falsa vacina contra a Aids provocou alvoroço no Gabão. No Canadá, um professor que jamais havia pisado em Nice, na França, foi acusado de ter cometido o atentado de 14 de julho, com um caminhão.
Nos Estados Unidos, o homem que, segundo levantamento do “Huffington Post”, foi capaz de pronunciar 71 informações questionáveis em apenas 60 minutos virou presidente.
É hora, portanto, de o cidadão saber que notícias falsas dão (muito) dinheiro a seus criadores —como bem revelou reportagem publicada no caderno “Ilustríssima”. Também é hora de ficar claro que existem técnicas simples e eficientes para fazer frente a essa praga.
Há cinco dicas básicas, bem básicas, dos checadores a serem seguidas por aqueles que defendem informação de boa qualidade. A primeira é: duvide de quem cita dados sem revelar fontes. É fácil manipular uma informação agindo assim.
A segunda dica: duvide daqueles que promovem uma relação causal simples, dizendo que A provoca B. Há sempre diversos fatores envolvidos na concretização de um fato.
Terceira: desconfie de números absolutos sem contexto. Ir de 1 para 2 é um aumento de 100%. Dependendo do assunto, porém, trata-se de algo irrelevante. Peça porcentagens e valores absolutos.
Quarta: cuidado com as cifras muito exatas sobre temas como violência. Esses dados mudam a cada instante e nem sempre são computados a partir da mesma metodologia.
Quinta: por fim, suspeite de frases que contenham expressões como “a maior/menor/melhor/pior do mundo”. Todas tendem ao exagero.
Temos hoje 114 plataformas de checagem ativas no mundo. Dez delas acabam de passar por uma auditoria externa independente e receber o selo de qualidade da IFCN.
Segundo os auditores, são iniciativas comprovadamente apartidárias, que prezam pela transparência e pela metodologia de trabalho, além de ostentar política pública efetiva para a correção de eventuais erros.
Fazer checagem está na moda, mas uma checagem só tem credibilidade quando atende a essas cinco exigências. Fique de olho.
Ainda vale destacar que redes internacionais de especialistas de diversas áreas estudam formas de combater a desinformação.
O First Draft News e o Trust Project são exemplos que aproximam jornalistas, veículos de comunicação e empresas digitais.
O site www.factcheckingday. com traz um calendário de atividades relacionadas à checagem de dados. Quem está cansado de ler ou ouvir mentira deve conferir as oportunidades que serão oferecidas aqui e ali. Novos checadores são bem-vindos. CRISTINA TARDÁGUILA
Carlos Eduardo Gonçalves defende que o acesso às universidades públicas passe a ser pago, argumentando que o acesso gratuito prejudica os pobres, mas é evidente que tal mudança limitaria ainda mais o acesso da população de baixa renda. Ignorando as complexas realidades em que estão inseridas as escolas públicas, vê escolas como empresas. Mas o que mais impressiona é como consegue conectar qualidade da educação com reforma da Previdência (omitindo, como convém, o congelamento de investimentos no setor).
ALCEU DE ANDRADE MARTINS
Nenhuma reforma política será tolerada se não passar por uma redução drástica do número de políticos do país, bem como de seus vencimentos e mordomias. Também deve prever o fim do foro privilegiado, proibição ampla, total e irrestrita de quaisquer financiamentos de campanha e eventual criação de um tribunal exclusivo que possa julgar com celeridade e imparcialidade contravenções e crimes políticos.
MAURÍLIO POLIZELLO JÚNIOR
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Faz todo o sentido a reflexão de Hélio Schwartsman de que técnicas científicas eficazes usadas convenientemente por publicitários e marqueteiros podem manipular pensamentos e atitudes, transformando-nos em “autômatos a serviço de empresas e políticos (“A Uber e o livre-arbítrio”, “Opinião”, 5/4)”. Elas justificam os pensamentos e as atitudes radicais de alguns fanáticos religiosos, torcedores e políticos, inimigos do bom senso e da racionalidade. E explicam bem os viúvos do chavismo na Venezuela e parte da intelectualidade sinistráurica brasileira.
SÉRGIO R. JUNQUEIRA FRANCO
Os colunistas Luís Felipe Ponde e João Pereira Coutinho, que escrevem na “Ilustrada”, sempre criticam, direta ou indiretamente, o pensamento politicamente correto. Será que eles entendem que comentários homofóbicos, racistas e machistas fazem normalmente parte da liberdade de expressão? E os ofendidos não têm o legítimo e sagrado direito de serem respeitados? Gosto das colunas, mas me deixaram em dúvida.
PEDRO VALENTIM
Reprovadíssima a mudança na “Ilustrada”, que tirou metade do espaço de José Simão! À exceção de Reinaldo “Casseta”, os outros dois, somados, não dão meio Simão (“Folha lança três novos colunistas semanais com textos de humor”, “Ilustrada”, 5/4).
MARCELO MELGAÇO