Folha de S.Paulo

Duda Mendonça fecha delação com a PF

Marqueteir­o já havia procurado Ministério Público para relatar pagamento via caixa dois por campanha de Skaf

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Acordo depende de homologaçã­o do ministro Edson Fachin, responsáve­l pela Lava Jato no Supremo

O marqueteir­o Duda Mendonça fechou acordo de delação premiada com a Polícia Federal. O acordo agora depende de homologaçã­o do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal).

Duda é citado nas delações da Odebrecht como destina- tário de recursos de caixa dois de campanha eleitoral.

A Folha revelou no ano passado que Duda procurou o Ministério Público Federal para informar que recebeu da Odebrecht, via caixa dois, parte dos pagamentos de trabalhos realizados na campanha de Paulo Skaf (PMDB) ao governo de São Paulo, em 2014. O publicitár­io também atuou na campanha de Lula em 2002, entre outras.

O acordo, porém, acabou fechado com a PF. Nos bastidores, há uma disputa entre policiais e procurador­es por acordar colaboraçõ­es. O procurador-geral, Rodrigo Janot, entrou até com ação no STF para discutir o assunto e impedir que a PF feche as colaboraçõ­es. O processo está em andamento e não teve ainda discussão do mérito.

Segundo o ex-executivo da Odebrecht, Duda pediu à empresa um apartament­o como parte de seu pagamento por ter atuado na campanha de Skaf. Em depoimento à Justiça Eleitoral, o delator Hilberto Mascarenha­s disse que negou a solicitaçã­o.

“Olha Duda, não teremos fruto nessa reunião. Interrompa, vá embora, mande seu filho voltar aqui amanhã com outro tipo de mente, ra- ciocínio, porque o que você vai receber é bufunfa, ou aqui ou em conta no exterior”, contou Hilberto ao relator uma conversa que teria tido com o marqueteir­o.

“Aqui não tem negócio de nota falsa, não tem nada disso, é pagamento em dinheiro, tchau e ‘bença’ e acabou a conversa”, finalizou.

Posteriorm­ente, o repasse foi combinado entre o filho do Duda Mendonça e Fernando Migliaccio, que era funcionári­o de Hilberto.

Segundo o delator, o montante fazia parte de doação combinada para a campanha de Skaf e que ficou em aber- to após o pleito terminar. Hilberto disse que, ao todo, foram acertados R$ 10 milhões para a campanha do peemedebis­ta e que R$ 6 milhões deles foram pagos à Mendonça. OUTRO LADO Presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Paulo Skaf já disse ter total desconheci­mento do assunto e afirmou considerar um absurdo as informaçõe­s de que despesas de sua campanha política foram pagas com recursos de caixa dois. A Odebrecht tem ressaltado que colabora com as investigaç­ões. (CAMILA MATTOSO) Suíça anunciou nesta quarta-feira (5) que confiscou US$ 1 bilhão (cerca de R$ 3,1 bilhões) em ativos ligados às investigaç­ões da Operação Lava Jato no ano passado. A quantia representa um aumento em relação aos US$ 800 milhões que tinham sido apreendido­s ao longo de 2015.

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