190 mortes. Há ainda outros 450 sob investigação.
DE BRASÍLIA
O Ministério da Saúde passará a recomendar, a partir deste mês, só uma dose da vacina contra febre amarela para quem mora ou pretende viajar para áreas do país onde a imunização é indicada.
Até então, o Brasil adotava o esquema de duas doses, sendo a segunda recomendada dez anos após a primeira.
A mudança foi divulgada nesta quarta (5). O novo modelo segue padrão recomendado pela Organização Mundial de Saúde desde 2014.
Segundo a coordenadora do PNI (Programa Nacional de Imunizações), Carla Domingues, a decisão ocorre devido ao aumento no número de estudos que apontam que a proteção contra a febre amarela é mantida por toda a vida, mesmo que com apenas uma dose da vacina.
“Quando se tomou a decisão na OMS em 2014, o Ministério da Saúde avaliou que os estudos que existiam naquele momento ainda não eram suficientes. E tomamos a decisão de fazer uma segunda dose cautelar. Mas, à medida que os estudos foram atingindo mais evidências, vimos que era o momento de tomar essa decisão”, afirma.
Nos últimos meses, a pasta vinha buscando soluções para aumentar a oferta de vacinas em meio ao surto de febre amarela no Sudeste.
O principal fornecedor, o laboratório de Bio-manguinhos, da Fiocruz, vem operando em capacidade máxima, com produção superior a 8 milhões de doses mensais.
A pasta também adquiriu 3,5 milhões de doses de um fundo internacional da OMS.
Questionada, a coordenadora nega que haja falta de vacinas, mas admite que houve aumento da demanda.
Atualmente, 3.529 municípios, distribuídos em 19 Estados e Distrito Federal, fazem parte da área de recomendação permanente para a vacina contra febre amarela.
Segundo Domingues, com a mudança, pessoas que já tomaram a primeira dose não precisam mais tomar a segunda. A estimativa da pasta é que 30% das pessoas que tomam a 1ª dose já deixavam de tomar a 2ª após dez anos.
O ministério calcula que 29 milhões de brasileiros que vivem nas áreas de recomendação permanente para a vacina, no entanto, ainda não tenham sido imunizados.
Desde dezembro, já foram confirmados 586 casos de febre amarela no país, incluindo FRACIONAMENTO Além da dose única, o ministério se prepara para a possibilidade de fracionamento das doses da vacina contra febre amarela ainda neste ano em alguns Estados.
Para isso, a pasta tem organizado treinamentos para profissionais de saúde do Rio, São Paulo e Bahia e adquiriu 3,5 milhões de seringas especiais, utilizadas para ampliar as doses. Ela também já faz estudos para ampliar a compra para 20 milhões.
Se aplicado, o fracionamento permite que uma dose da vacina seja dividida em até cinco. A diferença está no volume, que é de 0,1 ml na dose fracionada.
“Com um frasco com cinco doses e que hoje vacinamos cinco pessoas, poderemos em curto espaço de tempo vacinar 25”, afirma Domingues.
A proteção, no entanto, é menor —estudos apontam que duraria apenas por um ano, enquanto a dose-padrão protege por toda a vida.
Apesar da preparação, a pasta nega que já haja uma decisão sobre a adoção do fracionamento. Segundo o secretário de vigilância em saúde, Adeílson Cavalcante, a ideia é adotar a medida só em casos de epidemia, e apenas em locais onde houver necessidade de medidas de controle.