Folha de S.Paulo

Cientista e vaqueiro do sertão

- MARIA SILVIA GARCIA DE ALCARAZ REALE FERRARI - Nesta quinta (6), às IGNACIO HERNÁN SALCEDO (1944-2017) THIAGO AMÂNCIO 19h30, na Igreja Assunção de N. Sra., alameda Lorena, 665, Jd. Paulista. PEDRO B. QUINTANILH­A - Nesta quinta (6), às 17h30, na Igreja N.

Quando Ignacio Hernán Salcedo teve o primeiro contato com o solo do Brasil, no mestrado e doutorado que fez nos Estados Unidos, jamais imaginou que, anos depois, seria fundamenta­l para o desenvolvi­mento da pesquisa científica no Nordeste.

Argentino, Salcedo deixou Buenos Aires, onde cursou agronomia, para estudar manipulaçã­o de solo em Michigan, e lá se interessou pela caatinga, vegetação típica do agreste e do sertão brasileiro, diz seu filho Diego.

Por sua pesquisa, foi convidado para ser professor em universida­des brasileira­s e fixou-se no Recife em 1976, onde deu aulas na federal de Pernambuco e criou os filhos.

Mas foi no Instituto Nacional do Semiárido que Ignacio se sentiu mais realizado, diz o filho. Dirigiu o órgão, vinculado ao governo federal, entre 2011 e 2015, época em que conseguiu fundos para pesquisas científica­s sobre desenvolvi­mento sustentáve­l, firmou parcerias internacio­nais e levou à Paraíba um escritório fixo da FAO (seção da ONU para agricultur­a e alimentaçã­o).

Nunca abandonou as raízes portenhas (falou “portunhol” até o fim da vida), mas se integrou bem à cultura brasileira. Os amigos diziam que ele tinha “espírito de vaqueiro do sertão” —tratava da mesma maneira tanto pesquisado­res renomados quanto pequenos agricultor­es sem estudo.

Apaixonado por velejar, há cerca de 15 anos navegou, com um dos irmãos, da Flórida, nos EUA, até o Rio de Janeiro, com uma escala no Recife.

Morreu na última segundafei­ra (3), aos 72, por complicaçõ­es de um câncer de pulmão. Deixa três filhos, a mulher, Vânia, e uma neta. coluna.obituario@grupofolha.com.br

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