Folha de S.Paulo

Concerto que lançou bossa nova nos EUA será recriado

Show acontece no mesmo Carnegie Hall, 55 anos depois de noite histórica

- THALES DE MENEZES

Carlos Lyra e Roberto Menescal vão voltar em novembro ao palco da apresentaç­ão de 1962, em tributo a Tom Jobim

Omar Marzagão tem razão quando diz que a grande noite da bossa nova em Nova York, que lançou o gênero ao mundo em 21 de novembro de 1962, não tem praticamen­te registro. Apenas um disco, a ser procurado nos sebos, com algumas canções apresentad­as, mas sem o destaque do evento, Tom Jobim.

Por isso, o produtor planeja documentar em som e imagem o concerto que organiza para o próximo mês de novembro, na mesma sala de espetáculo­s nova-iorquina que abrigou o show original. Pretende homenagear os 55 anos do concerto e também os 90 anos de nascimento de Tom, completado­s em janeiro.

“O show está previsto para o dia 21, e devemos mostrá-lo também no Brasil, uma semana depois”, afirma Marzagão. Para ele, o evento internacio­nalizou os artistas da bossa nova. “Muitos passaram a viver fora do Brasil.”

Até então, o gênero tinha aparecido na trilha do filme “Orfeu do Carnaval”, que o francês Marcel Camus rodou no Rio em 1959, e em um sucesso inicial de Tom nos Estados Unidos —“Corcovado” foi um hit no país em 1962.

Marzagão acredita que, antes do concerto no Carnegie Hall, a coisa mais impactante da cultura brasileira entre os americanos era Carmen Miranda (1909-1955), que estrelava filmes em Hollywood. “O mundo ainda não tinha visto João Gilberto cantar.”

Dois músicos que participar­am da noite histórica estarão novamente no palco do Carnegie Hall: o compositor e violonista Roberto Menescal, 79, e o cantor e compositor Carlinhos Lyra, 77. Com eles estarão no elenco do show outros nomes inseridos na história da bossa nova, como João Donato, 82, Joyce, 69, e Marcos Valle, 73.

“Vamos escalar gerações com representa­ntes que não são necessaria­mente da bossa nova, mas artistas fortemente influencia­dos por ela”, diz Omar Marzagão.

Ele lista nomes como Leila Pinheiro, Maria Gadú, Fernanda Takai, Lisa Ono, Toni Garrido (que cantará músicas de “Orfeu do Carnaval”) e a americana Stacey Kent, nome do jazz que se aproximou do Brasil cantando com Valle e Menescal. Tom será representa­do pelo neto, o cantor e pianista Daniel Jobim.

Parte desse time deve fazer alguns shows no Japão, começando a dar ao projeto “A Bossa Continua Nova” uma configuraç­ão de turnê.

“A bossa nova está em movimento lá fora, mas aqui no Brasil é vista como algo que já passou. Jovens em Berklee [renomada escola de música em Boston] se dedicam a experiênci­as com o gênero. Precisamos repensar isso e renovar o público”, diz Marzagão.

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Tom Jobim se apresenta no Carnegie Hall, em Nova York

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