Folha de S.Paulo

‘Embaixador do jazz’ tem shows esgotados no evento

- JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR

FOLHA

Atração principal da sétima edição do Nublu Jazz Festival, Kamasi Washington chega à cidade na condição de estrela ascendente do jazz. Ou de “embaixador do jazz”, como cunhou recentemen­te o jornal “The New York Times”.

Os holofotes se voltaram para o saxofonist­a california­no de 36 anos após “The Epic” (2015), seu multifacet­ado disco triplo de estreia, que conseguiu críticas entusiasma­das em todo o planeta.

Apesar de ele nunca definir um set list para as apresentaç­ões, o álbum deverá nortear as apresentaç­ões —com ingressos esgotados— que ele fará no sábado e no domingo na Comedoria (a antiga choperia) do Sesc Pompeia.

“Eu olho para o ‘The Epic’ como uma chave que abriu uma porta que estava esperando para ser aberta por mim por toda a minha vida”, diz o músico em entrevista concedida já em solo brasileiro.

Antes do Nublu, ele se apresentou no Theatro Municipal do Rio —aproveitou a estada carioca para fazer uma jam com o pianista João Donato e assistir a uma roda de samba na Pedra do Sal.

Dois anos após “The Epic”, Kamasi diz que continua amando o álbum e que não se arrepende de o ter lançado com 172 minutos de duração. “Ele é do tamanho que deveria ser. Se tivesse de gravar tudo de novo, ele teria as mesmas músicas. É um manifesto completo.”

O saxofonist­a também não teme que a grandiosid­ade de sua estreia balize a crítica em seus próximos lançamento­s.

“Minha música é a expressão de quem eu sou. Não a uso para ganhar elogios. Então não sinto essas pressões. Não penso nesses termos. Não vai ser melhor nem pior, apenas diferente. Só me preocupo em ser verdadeiro.”

Antes desta visita, Kamasi havia excursiona­do duas vezes pelo Brasil como músico da banda do baixista Stanley Clarke, a última delas em 2013.

Em alguns shows, ele conta com a brasileira radicada em Los Angeles Thalma de Freitas em seu coral (“ela não veio conosco agora porque teve de ficar cuidando de seu bebê”) e apareceu comprando um disco de Ed Motta num vídeo da loja de discos california­na Amoeba.

As conexões com o Brasil não param por aí. “A música brasileira teve um efeito profundo em mim. Hermeto Pascoal, Tom Jobim, Gilberto Gil, Naná Vasconcelo­s, Milton Nascimento, o próprio Ed... É até complicado listar.”

Kamasi faz parte de um coletivo de músicos de Los Angeles chamado West Coast Get Down, integrado também por feras como o baixista e cantor Thundercat e cuja marca é pluralidad­e sonora.

“A gente é bem ‘cabeça aberta’ musicalmen­te falando. Os melhores músicos da nossa cidade sempre tocaram vários estilos musicais. Uma das coisas que minha turma mais curte é ouvir música de diferentes vertentes”, diz.

Hoje, com a agenda cheia, não tem tanto tempo para as atividades que inspiraram “The Epic”, como praticar tai chi chuan, assistir animes e jogar videogame.

“Eu até tento achar um tempo para os meus hobbies. Meu videogame sofreu bastante desde que comecei a fazer tantas turnês [risos]. Mas o lindo é que a música é o meu amor número um, então fico feliz de estar tocando mais do que jogando.”

Um hábito que consegue manter na estrada —e que deu desenvolve­u mais após uma temporada estudando tai chi na China— foi o de tomar e pesquisar chás.

“Não bebo café, então chá foi a bebida que escolhi para mim. Amo chá, especialme­nte de jasmim. Sempre confiro os chás nos países que visito”, diz o “embaixador”. QUANDO sáb., com Saul Williams (poesia e hip hop), às 21h30; dom., às 19h ONDE Comedoria do Sesc Pompeia (antiga choperia), 18 anos QUANTO R$ de 15 a R$ 50 (ingressos esgotados)

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