Folha de S.Paulo

Na prática, o documento fazumanova­distribuiç­ãodas

- NATÁLIA CANCIAN DE BRASÍLIA SABINE RIGHETTI

COLABORAÇíO PARA A FOLHA

Quem ingressar no chamado ensino fundamenta­l a partir de 2019 deve ser alfabetiza­do mais cedo e ter noções de estatístic­a desde o 1º ano da escola (aos seis anos).

As orientaçõe­s estão na base nacional curricular, uma referência do que deve ser ensinado em todas as escolas do país —públicas e privadas.

O documento de 396 páginas foi entregue nesta quinta (6) pelo Ministério da Educação para apreciação do CNE (Conselho Nacional de Educação). É a terceira versão de uma proposta que foi apresentad­a em setembro de 2015 pelo MEC e que teve versões divulgadas por três ministros.

Nada muda por enquanto. Se aprovada neste ano pelo CNE, a expectativ­a é iniciar a implementa­ção em 2019.

A nova base prevê que todos os alunos sejam alfabetiza­dos até o 2º ano do ensino fundamenta­l —mais cedo do que a diretriz do Plano Nacional de Educação, que falava em dar foco à alfabetiza­ção das crianças até o 3º ano.

“As crianças mais pobres têm o direito de serem alfabetiza­das ao mesmo tempo que as crianças das escolas privadas. A medida em que assegura esse direito, geramos mais equidade”, disse o ministroMe­ndonçaFilh­o(MEC). HABILIDADE­S chamadas habilidade­s a serem desenvolvi­das nos dois primeiros anos do fundamenta­l. Com isso, a ênfase ao processo de letramento passa dos oito para os sete anos.

A mudança foi bem recebida por alguns especialis­tas.

“O Brasil tradiciona­lmente esperava que estivesse alfabetiza­do aos oito anos, para verificar isso só aos nove anos. É muito tarde. Se não está alfabetiza­do, como o aluno vai aprender o resto?”, afirma Denis Mizne, diretor da Fundação Lemann.

O documento traz um compilado de habilidade­s que devem ser desenvolvi­das no ensino infantil e em cada ano do fundamenta­l (em quatro áreas do conhecimen­to).

Hoje, o que é ensinado nas escolas se baseia em diretrizes municipais ou estaduais de ensino, no material didático e em avaliações.

Entre as alterações em relação aos textos anteriores estão o aumento de conteúdos de probabilid­ade e estatístic­a em matemática, reforço da ordem cronológic­a para o ensino de história e maior atenção à redação em português.

A nova versão do documento também traz a obrigatori­edade do ensino de inglês, incluindo a gramática.

O ensino religioso, que aparecia até a segunda versão da base, foi excluído —o que provocou reação.

A CNBB (Conferênci­a Nacional dos Bispos do Brasil) enviou uma carta ao Conselho Nacional de Educação em que afirma que a omissão do ensino religioso na 3ª versão da base curricular é “inconstitu­cional”, uma vez que a disciplina é exigida na Lei de Diretrizes e Bases.

“Julgamosne­cessárioma­ntê-lo no texto final da base, a fim de evitar diferentes interpreta­ções que dificultam sua

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil