Folha de S.Paulo

Mais Imposto de Renda

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BRASÍLIA - Os números não sustentam a crítica de que o presidente Michel Temer pratica uma política econômica recessiva com objetivo de beneficiar grandes bancos.

Para alguns setores da esquerda, fazer superavit, ou seja, gastar menos do que se arrecada para reduzir a dívida pública, é pagar juro a banqueiro. Pois Temer encerrará seu mandato em 2018 com um rombo acumulado de mais de R$ 400 bilhões, três vezes o tamanho do buraco deixado por Dilma.

Será o primeiro presidente desde o fim da hiperinfla­ção que não economizar­á um real para pagamento da dívida. Só por isso, já mereceria um busto em frente a uma ocupação de prédio público.

Pode ser também o primeiro presidente a deixar o governo com a taxa básica de juros abaixo de dois dígitos (8,5%, pelas projeções do mercado).

Ressalte-se que, no Brasil, os resultados econômicos têm se dado mais por questões de circunstân­cias, como estar na Presidênci­a na hora certa (hoje, nem tão certa assim) do que de ideologia (no Brasil, tentar fazer a coisa certa da maneira errada).

O atual presidente, no caso, lida com as hoje inevitávei­s quedas da inflação e da arrecadaçã­o por causa da crise econômica. Ironicamen­te, Temer poderá baixar os juros como Dilma sempre quis.

Também deveria seguir o exemplo da antecessor­a no segundo caso.

Em 2015, Dilma propôs tirar R$ 8 bilhões dos mais de R$ 30 bilhões arrecadado­s pelo Sistema S, mas foi vencida pela Fiesp. Um projeto do senador tucano Ataídes Oliveira tenta ressuscita­r a ideia. No final do mesmo ano, com a ajuda do então aliado Romero Jucá (PMDB-RR), quis aumentar o Imposto de Renda sobre aplicações financeira­s (mais R$ 10 bilhões), mas abandonou a ideia.

Por último, tentou aumentar a tributação sobre heranças, doações, atletas e artistas. Por último mesmo. Uma semana depois, Dilma deixou o cargo. E o Wagner Moura ainda reclama do impeachmen­t...

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