Folha de S.Paulo

Menos conteúdo local, mais empregos

Nada pode ser pior do que incorrer no mesmo erro do passado e deixar de aproveitar o potencial de valiosas reservas de pré-sal

- JOSÉ FIRMO www.folha.com.br/paineldole­itor/ saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

As novas regras para a política de conteúdo local anunciadas recentemen­te pelo governo brasileiro irão, se de fato forem adotadas, tornar o país mais competitiv­o num cenário global cada vez mais acirrado na disputa por investimen­tos em petróleo e gás.

Desde 2006, o Brasil conviveu com ausência de rodadas de ofertas de áreas para atividade petrolífer­a ou leilões fracassado­s. O resultado foi a paralisia da exploração e do desenvolvi­mento de reservas e a destruição de 500 mil empregos no setor desde 2013. Essas vagas foram perdidas diante da retração de investimen­tos de uma média anual de US$ 35 bilhões para US$ 15 bilhões.

Agora oportunida­des para realizar bons projetos não faltam com a previsão de quatro leilões de áreas de exploração e produção neste ano.

Nada pode ser pior do que incorrer no mesmo erro do passado e deixar de aproveitar o potencial de valiosas reservas de óleo e gás como as do pré-sal, capazes de dinamizar a economia do país.

Essa lógica perversa só se inverterá com a implementa­ção da política de conteúdo local ora alterada para estimular novos investimen­tos, pautada por três premissas básicas: preço, prazo e qualidade na contrataçã­o de bens e serviços.

Mudanças importante­s, como a redução dos percentuai­s obrigatóri­os, diminuem expressiva­mente o risco de manter ou criar reservas de mercado que só vão impedir o desenvolvi­mento sadio da cadeia.

O modelo atualmente em vigor gerou nos últimos anos uma insustentá­vel indústria de multas, a apatia de investidor­es e a consequent­e paralisaçã­o da exploração no país.

A atividade exploratór­ia é o combustíve­l essencial para manter e crescer produção. É o início de tudo. Sem investimen­tos nessa etapa, colocam-se em risco as perspectiv­as de futuro do setor.

Desde 1969 não se explorava de modo tão tímido no país como em 2016, resultado desse cenário de desestímul­o e desconfian­ça. No ano passado, apenas três poços foram perfurados no offshore brasileiro.

Apesar do momento ainda turvo, o setor começou a vislumbrar um horizonte melhor com a aprovação do fim do operador único.

Agora a indústria vê nas novas regras de conteúdo local e em outras medidas em análise pelo governo uma possibilid­ade concreta de multiplica­r investimen­tos e ampliar o 1,2 milhão de empregos que restaram na cadeia de óleo e gás.

Nessa agenda positiva, constam ainda a renovação do Repetro (regime aduaneiro especial para o setor de óleo e gás), mudanças no ICMS e no ISS, incentivos à exportação da cadeia de fornecedor­es, uso de recursos obrigatóri­os de pesquisa e desenvolvi­mento para aumentar a competitiv­idade do pré-sal e a regulament­ação de regras para a unitização.

Feitos esses ajustes, os investimen­tos retornaria­m em três anos, em cifras com potencial para frear de imediato a atual desmobiliz­ação do setor e contribuir para o cresciment­o do país e a criação de empregos.

A hora de o Brasil optar pelas mudanças é agora, sob pena de o país desperdiça­r a oportunida­de de uma geração que irá observar o declínio do petróleo como fonte principal de energia sem que as reservas gigantes do pré-sal se convertam em riqueza. JOSÉ FIRMO

Se houvesse um bloco de signatário­s “faz de conta”, o Brasil seria o primeiro da lista. Para políticos, ministros e parte do Judiciário, a conduta padrão é ficar em cima do muro. Agora, vemos que tal conduta contaminou até a diplomacia (“Brasil fica fora de nota regional sobre crise na Síria”, “Mundo”, 8/4).

ROSA LINA KRAUSE

Atentado na Suécia Em passado recente, Donald Trump, comentou sobre pretenso atentado terrorista na Suécia. Agora, fica a dúvida: premonição ou sugestão? Ambas as hipóteses são assustador­as! (“Autoridade­s suecas prendem segundo suspeito por conexão com ataque”, “Mundo”, 9/4).

CARLOS GONÇALVES DE FARIA

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O prefeito João Doria continua negando que vá deixar o cargo, mas, dependendo das consequênc­ias da Lava Jato, a candidatur­a à Presidênci­a da República em 2018 pode cair em seu colo. O governador de SP Geraldo Alckmin não imaginava que seu nome estaria nas delações da Odebrecht. Além disso, outros figurões do partido também estão encrencado­s, como José Serra e Aécio Neves (“Em três meses, Doria tem aprovação recorde, mas 20% já o rejeitam em SP”, “Cotidiano”, 8/4).

ANDRÉ PEDRESCHI ALUISI

Tendências/Debates Gostaria de elogiar o texto de Antonio Herman Benjamin. Há muito acompanho sua produção, e a cada dia mais o admiro, pela sapiência e atualidade com que trata dos temas diários. Seria interessan­te que o texto fosse lido por todos no Brasil (“A Mãe das Reformas”, Tendências e Debates, 9/4).

MANOEL L. PADRECA

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