‘Lula, você não é salvador de nada’, diz prefeito em encontro liberal no RS
Questionado sobre possível candidatura do prefeito paulistano João Doria (PSDB) ao Palácio dos Bandeirantes em 2018, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) respondeu que “ele seria um ótimo candidato a tudo”.
Os dois deram uma entrevista conjunta na manhã desta segunda-feira (10), após uma reunião com secretários de ambas as gestões. O governador fez o comentário após o encerramento da entrevista, já se afastando dos repórteres.
Alckmin trabalha para ser o candidato do PSDB à Presidência, mas a popularidade de Doria, seu afilhado político, tem gerado especulações em torno de uma eventual candidatura do prefeito.
Doria vem reiterando que é leal ao governador e que não é candidato a nada, mas aliados veem nele uma opção viável para o partido.
Segundo o Datafolha, o tucano tem aprovação recorde ao final do terceiro mês de gestão: 43% dos paulistanos a aprovam, 20% a reprovam e 33% a consideram regular.
O levantamento mostrou que 26% dos entrevistados votariam nele com certeza para presidente, 29% cogitam essa possibilidade e 42% dizem que não o escolheriam para o cargo de jeito nenhum.
Alckmin, por sua vez, está em compasso de espera. Ele precisará avaliar a viabilidade de se lançar a depender do grau de seu envolvimento na Operação Lava Jato. O governador foi citado em delação por suposto recebimento de caixa dois, em dinheiro vivo, para campanhas de 2010 e 2014, o que ele nega. FOLHA
Mesmo negando ser presidenciável pelo PSDB para as eleições de 2018, o prefeito tucano de São Paulo, João Doria, rivalizou mais uma vez com o provável candidato petista à Presidência, o ex-presidente Lula.
“Lula, você não é salvador de nada”, disse o tucano durante a abertura do 30º Fórum da Liberdade, na tarde desta segunda-feira (10). O tucano afirmou que é preciso combater a miséria para evitar que Lula diga, “daqui a dois anos”, que “quer ser o salvador do Brasil”.
O evento, realizado na PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), em Porto Alegre, promove a ideologia liberal.
Doria disse que sua declaração não teve “nenhum viés de candidatura” e que falava por “emoção”. Referindo-se ao ex-presidente petista, o prefeito afirmou, sendo interrompido por palmas: “Você quase destruiu o Brasil e o sonho de milhões de brasileiros, de milhões de jovens, de milhares de crianças”.
“Você não vai destruir outra vez o sonho de o Brasil ser um país honesto, um país decente que sabe seus valores”, concluiu o prefeito.
Doria ainda disse que a bandeira do Brasil “não é vermelha”, uma alusão —bastante repetida por manifestantes de direita nas ruas— à bandeira do PT e à cor símbolo do comunismo. O prefeito assegurou que nas repartições públicas municipais de São Paulo apenas a bandeira “verde e amarela” é usada.
Ele também falou sobre a necessidade do “Estado eficiente” em vez do “Estado mínimo” e destacou as economias da Prefeitura de São Paulo com corte de 31% nos cargos indicados por partidos e por evitar o uso de mais de mil automóveis oficiais.
O prefeito paulistano também elogiou a atuação das consultorias privadas na gestão pública. No RS, a atuação das consultorias tem gerado polêmica devido a possível conflito de interesses.
A fila para assistir Doria era tão longa que adquiriu o formato de “S” para caber no saguão da universidade. No local, por R$ 65 era possível levar para casa uma camiseta com os dizeres “be nice, don’t be a communist” (seja legal, não seja um comunista, em inglês) ou com a estampa de uma caveira “esperando o socialismo dar certo”.
Quatro garotos eram os primeiros da fila. Com idades entre 14 e 18 anos, disseram que votarão em Doria para presidente em 2018, se ele for candidato.
Caso o tucano não seja candidato, estão divididos entre o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e o empresário Roberto Justus. O estudante de direito Breno Gallo, 18, votaria em Bolsonaro como segunda opção, mas não o considera suficientemente liberal: “ele tem ideias protecionistas para a economia”.