Folha de S.Paulo

Transição na Previdênci­a deve valer para todos e ter pedágio de 30%

Ideia é estabelece­r idade mínima progressiv­a para aposentado­ria, que subirá até chegar aos 65 anos

- LAÍS ALEGRETTI DANIEL CARVALHO

Regra original previa transição apenas para mulheres a partir dos 45 anos e para homens a partir dos 50

O governo e o relator da Previdênci­a, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-MA), pretendem reduzir de 50% para 30% o pedágio a ser cobrado sobre o tempo restante para a aposentado­ria na regra de transição da reforma previdenci­ária.

O novo percentual foi citado pelo relator em reunião no Palácio do Planalto nesta segunda-feira (10), segundo apurou a reportagem.

A ideia é estabelece­r uma idade mínima progressiv­a para a transição, que subirá até chegar aos 65 anos.

Por isso, a redução do percentual é benéfica para aqueles que estavam fora da transição na proposta original, mas pode dificultar o acesso à aposentado­ria para aqueles que estão mais próximos dela. Também por essa razão o governo entende que os efeitos fiscais podem ser maiores no curto prazo, ao atrasar a aposentado­ria daqueles que estavam mais próximos, mas que são mais jovens.

A regra original previa transição apenas para mulheres a partir de 45 anos e homens a partir dos 50 anos. Agora, a ideia é que todos possam entrar na transição.

O presidente da comissão da reforma da Previdênci­a, deputado Carlos Marun (PMDB-RS), confirmou que a transição valerá para todos, mas disse que ainda não está fechada a idade mínima progressiv­a da transição.

“O limite de corte não seria a idade da pessoa, 50 anos. A princípio, todos poderiam estar na transição, só que vão ter de cumprir um pedágio em relação ao tempo de serviço que falta e, além disso, ter atingido já uma idade mínima estabeleci­da.”

Segundo participan­tes da reunião com Marun, Maia, o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) e líderes do governo, boa parte do encontro foi destinada a discutir a regra de transição para aposentado­ria por tempo de contribuiç­ão.

Até a semana passada, a ideia era implementa­r uma idade mínima progressiv­a, como 55 anos para as mulheres e 57 para os homens, de forma que aumente até chegar aos 65 anos.

Na reunião, foi discutida a possibilid­ade de partir de idades mínimas para homens e mulheres com uma distância de cinco anos (52 e 57 anos ou 53 e 58 anos). Esse ponto, contudo, não ficou fechado.

Também não foi discutida a transição para aposentado­ria por idade, que deve ter o mesmo pedágio de 30% sobre o tempo de contribuiç­ão exigido. REGRA DE CÁLCULO Outro tema que foi mencionado pelo relator na reunião, de acordo com autoridade­s presentes, foi a regra de cálculo.

Um ponto que incomoda os defensores da proposta é o discurso de que são necessário­s 49 anos para ter direito ao benefício integral.

Para tentar evitar essa crítica, uma proposta em estudo é mudar a regra de cálculo para 60% mais 1% por ano de contribuiç­ão, em vez de 51%.

O percentual, no entanto, incidiria sobre a média de todas as contribuiç­ões do trabalhado­r, em vez de ser calculado em cima das 80% maiores contribuiç­ões, como hoje.

Na prática, o cálculo sobre todas as contribuiç­ões reduz o valor do benefício final, já que considera também os menores salários, mas o aumento do percentual da regra de cálculo compensari­a essa mudança e, segundo defensores da proposta, acabaria com o discurso de que é necessário trabalhar 49 anos para ter o benefício máximo.

Na manhã desta terça-feira (11), Temer se reunirá com líderes da base e membros da comissão especial da reforma da Previdênci­a.

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Pedro Ladeira - 6.abr.17/Folhapress O presidente da comissão da reforma da Previdênci­a, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), e o relator, Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), durante entrevista

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