Folha de S.Paulo

Espirituos­a senhora que viveu até os 104

- EDITH REZENDE HIRTH (1913-2017) THIAGO AMÂNCIO MARIA ANGÉLICA MARCONDES DE ALMEIDA PIRES - Nesta quarta (12), às 11h, na Igreja São José, r. Dinamarca, 32, Jd. Europa. RUBENS BERNAL MOLINA - Nesta terça (11), às 19h, na Basílica N. Sra. do Carmo, r. Marti

Ao completar cem anos, Edith Rezende Hirth teve dificuldad­e de acreditar que vivera tanto. Brincava que Deus esquecera de buscá-la: “Já não sei mais o que eu tô fazendo aqui”, dizia, espirituos­a, segundo sua neta, Priscilla.

Foi com lucidez e bom humor que completou ainda outros quatro aniversári­os — sempre perplexa com a idade.

Nascida em São Paulo, em 1913, estudou em colégio católico (era muito religiosa) e casou-se em 1945 com o economista Harold Hirth. Com ele, rodou o mundo: conheceu de destinos clássicos na Europa até lugares menos visitados, como o Alasca.

Sonhava em ser mãe, mas sofreu alguns abortos espontâneo­s. Só conseguiu concluir a gravidez, dizia ela, quando desistiu de tentar, já com mais de 40 anos.

Nascido Harold Jr., não desgrudou mais do único filho: passou um ano sem cortar o cabelo, durante a infância do menino, para não ter que deixá-lo sozinho. E seus olhos ainda brilhavam quando ele a visitava, diz Priscilla.

Lia jornais diariament­e e, boa de memória, era ela quem lembrava a família dos aniversári­os de amigos —não deixava de enviar lembrancin­has.

Dirigiu até os 98. “A gente torcia para ela não conseguir renovar a carteira, mas ela sempre passava nos exames médicos”, conta a nora, Ana.

Internada com pneumonia, ouviu, no domingo (9), sua música preferida, “Hi Lili, Hi Lo”, cuja versão em português diz: “Sempre contente estou/O que passou, passou/O mundo gira depressa/E nessas voltas eu vou”.

Morreu minutos depois, aos 104. Deixa o filho, a nora e os netos, Priscilla e Ricardo. coluna.obituario@grupofolha.com.br 42º MÊS 114, Bela Vista.

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