A epidemia de homicídios tem cura
Em Caracas, matar é rotina. A cidade foi a capital mundial do homicídio em 2015, com uma taxa de quase 120 por 100 mil pessoas —cerca de 20 vezes mais que a média global.
A Venezuela está longe de ser o único país latino-americano que sofre com a violência letal. Vizinho ao sul, o Brasil tem o maior número de homicídios no mundo: foram quase 60 mil no ano passado. Cerca de 80% da população brasileira acredita que corre risco de ser vítima.
A América Latina é a região mais homicida do mundo. São 400 assassinatos por dia, 144 mil por ano. Mais de 75% deles ocorrem por armas de fogo, percentual muito acima da média global.
A violência piorou, apesar dos grandes ganhos na educação e na redução da pobreza. O número de assassinatos no Brasil supera o de mortes em conflitos no Afeganistão, no Iraque e na Síria, juntos, em 2016.
A América Latina abriga apenas 8% da população mundial, mas 38% dos homicídios. Esse índice cresce na região, embora caia em quase todo o resto do mundo. A taxa regional é por volta de 22 por 100 mil —seguindo essa tendência, deve chegar a 35 em 2030.
Sete países se destacam nas taxas de criminalidade: Brasil, Colômbia, El Salvador, Guatemala, Honduras, México e Venezuela são responsáveis por 34% das mortes intencionais em todo o mundo.
Esse cenário é causado em parte pelo fato de que os assassinatos raramente são elucidados ou resultam em condenações. Na América do Norte e na Europa, por volta de 80% dos casos são solucionados. Em muitos países latino-americanos, os percentuais ficam abaixo de 10%.
A boa notícia é que esses crimes não são inevitáveis. Há exemplos, na própria região, de locais que mudaram o estado das coisas. Bogotá, Ciudad Juárez, Medellín e São Paulo viram suas taxas de homicídios caírem 70% ou mais na última década.
Lideranças civis, em especial alguns prefeitos e governadores, impulsionaram a mudança, unindo uma forma visionária de planejamento a metas claras, o policiamento a programas de bem-estar social focados em bairros com jovens em situação de risco.
O custo da violência chega a 3,5% do PIB da região, ou até US$ 261 bilhões por ano. Também abala o capital social: há um nível de tolerância inaceitável a essas mortes em certos segmentos da população.
A queda constante é possível e essencial. E se os governos e as sociedades da América Latina se comprometessem a reduzir em 50% o número de homicídios em uma década? Isso significaria uma queda de 7,5% ao ano, o que é bem factível. Dessa forma, a região evitaria a perda de 365 mil vidas. Os dividendos materiais também seriam expressivos.
Controlar essa crise na região demandará que governos, empresas e sociedade civil adotem estratégias e intervenções baseadas em evidências. Tais esforços também precisam ser guiados por metas que tenham a redução dos assassinatos como objetivo explícito, não somente como um subproduto desejado.
Para que a queda seja sustentável, será necessário reparar as relações desgastadas entre polícia e comunidades nos contextos mais afetados pela violência. O policiamento voltado para a solução de problemas tem um histórico bastante positivo.
Por fim, os governos da América Latina também devem investir em prevenção. Idade e grau de escolaridade são fundamentais na determinação da vulnerabilidade, tanto de vítimas como de agentes.
A renda também é um fator de dissuasão para o envolvimento com o crime. Investimentos em desenvolvimento na primeira infância, competências parentais e emprego de jovens são eficientes em termos de custo, além de terem impactos positivos. Já se descobriu a cura. Está na hora de os latino-americanos começarem a aplicá-la. ROBERT MUGGAH, ILONA SZABÓ,
Com a lista do ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, fica claro (se é que já não estava) que o governo de Michel Temer e sua base política não têm condições éticas e morais para governar o Brasil.
ROBERTO NASSER
A escandalosa lista de Fachin descortina de uma vez por todas a face mais repugnante da classe política brasileira, a qual, ressalvadas raríssimas exceções, levou o país à sua maior crise políticoeconômica dos últimos tempos. Desprovida de qualquer escrúpulo, aparelhou todas as esferas do poder estatal e, de forma altamente engenhosa e estruturada (com direito a departamento específico na Odebrecht), saqueou os cofres públicos. A pergunta que fica é esta: que idoneidade moral e ética terão os políticos para aprovar as delicadas reformas previdenciária e trabalhista?
GUSTAVO ROGÉRIO
Não é surpresa nenhuma que os políticos estejam envolvidos em escândalos de corrupção. Agora, gostaria de saber se em 2018 haverá eleição, porque não sobrou ninguém com reputação boa.
LUCIANO VETTORAZZO
A questão que se impõe não é se Lula da Silva estará apto a se candidatar em 2018. A dúvida é se, depois de tudo o que foi apurado, ele terá a desfaçatez de colocar seu nome à disposição do eleitorado brasileiro (“Empresa cita favores que teria feito a Lula”, “Poder”, 12/4).
LUÍS ROBERTO NUNES FERREIRA
Viva o protesto pintado de seu João. Ele precisava desenhar também? Sua arte inesperada fez um favor à cidade que não se enxerga. Sem escalas, São Paulo passou da redescoberta do espaço público ao completo desapreço pelo direito de residir dignamente. Sem empatia e sem respeito, a festejada “ocupação das ruas” é só uma festinha particular do mais forte contra o mais fraco (“João do Beco do Batman pinta muro, recua e libera grafite, como Doria”, “Cotidiano”, 12/4).
LUCIA BOLDRINI
Colunistas Elio Gaspari encerra sua coluna “Dia 3 de maio: Lula X Moro” (“Poder”, 12/4) afirmando que, nesse encontro, o ex-presidente Lula poderá sequestrar o espetáculo. Aduzo: seria uma delícia poder assistir ao vivo o embate entre a empáfia e a verve.
ANTONIO CARLOS ORSELLI
Próteses A Engimplan nunca esteve envolvida em denúncias da máfia das próteses, como pode sugerir a legenda da foto que acompanha a reportagem “Paliativos contra a máfia das próteses” (“Seminários Folha”, 30/3). A imagem é meramente ilustrativa. A Engimplan é uma empresa que tem compliance elaborado pela Deloitte e a única brasileira com registro de prótese de ATM customizada. Toda a sua matéria-prima é importada e tem todos os laudos Anvisa e ISO 13485, seguindo a legislação brasileira.
LETÍCIA NIGRO LEME,