Jamais tratei de algo escuso com a Odebrecht, diz Temer
Presidente gravou vídeo para rebater acusações de delatores da empreiteira
Peemedebista foi acusado de comandar reunião para negociar pagamento de US$ 40 mi em propina ao PMDB
O presidente Michel Temer iniciou uma ofensiva para se defender das acusações de que participou de reunião para negociar pagamento de propina de US$ 40 milhões para o PMDB, como relataram executivos da Odebrecht.
A estratégia inicial do Palácio do Planalto era evitar a exposição do presidente, mas a avaliação de sua equipe foi a de que a citação direta de Temer na delação acentuou o desgaste de sua imagem, obrigando-o a se posicionar.
O peemedebista gravou um vídeo nesta quinta (13) para contestar o depoimento do ex-presidente da Odebrecht Engenharia Industrial Márcio Faria. O ex-executivo diz que Temer comandou, em 2010, uma reunião em que se acertou o pagamento de US$ 40 milhões de propina relativos a 5% de um contrato da empreiteira com a Petrobras.
Temer não é alvo de inquérito porque presidentes só podem ser investigados por atos cometidos no mandato.
Na gravação, o presidente admite que esteve no encontro em seu escritório político, em São Paulo, mas nega que tenha tratado de “negócios escusos” com a empresa.
“Eu não tenho medo dos fatos, nunca tive. O que me causa repulsa é a mentira. É fato que participei de uma reunião em 2010 com um representante de uma das maiores empresas do país. A mentira é que nessa reunião eu teria ouvido referência a valores financeiros ou a negócios escusos da empresa com políticos. Isso jamais aconteceu.”
Em um primeiro momento, logo após a divulgação do depoimento de Márcio Faria, o Planalto chegou a emitir uma nota para negar as acusações, mas a resposta foi considerada insuficiente. A equipe do peemedebista recomendou, então, que ele fizesse um posicionamento mais assertivo.
Temer avalia preparar uma campanha publicitária para proteger a imagem de seu go- verno diante da crise gerada pelas delações. O peemedebista também cogita antecipar discurso em rede nacional que fará no dia 12 de maio, de balanço de um ano de governo, para defender as reformas em discussão no Congresso e pregar que, sem elas, a instabilidade do país aumentará. DELAÇÃO Em sua delação premiada, o ex-executivo da Odebrecht Márcio Faria afirmou que, quando era candidato a vicepresidente em 2010, Temer participou de um encontro em que foi acertado um repasse de US$ 40 milhões para o PMDB em troca de benefícios MICHEL TEMER para a empreiteira em contrato com a Petrobras.
Ele relata que, além de Temer, que se sentou à “cabeceira da mesa”, participaram da reunião Rogério Araújo, outro executivo da Odebrecht, e os então deputados Eduardo Cunha (RJ) e Henrique Eduardo Alves (RN), do PMDB, além do lobista João Augusto Henriques.
“Foi a única vez em que estive com Michel Temer e Henrique Alves e fiquei impressionado pela informalidade com que se tratou na reunião do tema ‘contribuição partidária’, que na realidade era pura propina”, escreveu Faria em um termo de delação.
Em conversas reservadas após a divulgação das acusações, Temer culpou Cunha, preso em Curitiba, pelo ocorrido. Segundo o presidente, Cunha apresentou Faria a ele, com o discurso de que a empresa tinha interesse em fazer doações eleitorais.
Para tentar desqualificar a narrativa do delator, o Planalto aponta erros. Argumenta, por exemplo, que Henrique Eduardo Alves não estava no encontro, o que foi ressaltado nesta quarta pela defesa do deputado.
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Eu não tenho medo dos fatos. O que me causa repulsa é a mentira. A mentira é que nessa reunião eu teria ouvido referência a negócios escusos da empresa com políticos