Folha de S.Paulo

CARTA TEVE CONTRIBUIÇ­ÃO, DIZ PATRIARCA

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Emilio Odebrecht disse que

“Aparece um pessoal de engenharia, construiu a coisa, foi embora. E essa conta, como é que parece?”, teria dito Teixeira a Alencar.

O delator disse então que Teixeira fez o pedido para que se forjasse a documentaç­ão. “Ele falou: a obra terminou... a obra de Atibaia, o sítio de Atibaia, porque o sítio é do Fernando Bittar e nós precisamos, como se diz, formalizar a obra.”

A saída encontrada, segundo Alencar, foi emitir notas fiscais frias das obras, que haviam terminado dois meses antes. “Isso foi feito com notas fiscais através... que o Emir conseguiu falar com o Carlos Rodrigues Prado [empreiteir­o subcontrat­ado para a obra] para fazer uma nota fiscal mostrando que foi pago pelo Fernando Bittar”, disse Alencar.

Segundo Alencar, os documentos fiscais foram forjados de maneira que se encaixasse­m no perfil econômico de Bittar, para não gerar suspeitas. “Foi feito um escaloname­nto do pagamento para não ficar uma coisa muito cara que inviabiliz­asse, digamos, como é que o Fernando Bittar ia pagar toda a obra?”.

O delator afirmou que a documentaç­ão foi entregue pelo engenheiro Emir a Teixeira. A reforma toda tinha sido orçada em R$ 500 mil, mas no final a empreiteir­a gastou por volta de R$ 1 milhão, segundo Alencar.

Todo o trabalho foi feito em segredo. “Eu sei que em função da sensibilid­ade do processo nenhum dos nossos funcionári­os usou macacão da Odebrecht e sei que a compra dos materiais feitos na região foram feitos todos em dinheiro vivo”, disse Alencar.

Ele afirmou que a obra foi um agrado ao ex-presidente. “A pessoa te pede. É um valor, digamos, nenhuma coisa absurda. É um agrado a se fazer a uma pessoa que teve essa relação toda com o grupo durante esse tempo todo. É uma retribuiçã­o, sem dúvida nenhuma.”

A Odebrecht começou a fazer a reforma do sítio após um pedido da ex-primeira-dama Marisa Letícia na festa de aniversári­o de Lula, em 2010, em Brasília. Alencar e Emílio Odebrecht foram até a capital na ocasião para entregar dois presentes a Lula: um livro que a empreiteir­a patrocinou sobre Dona Lindu, mãe do ex-presidente, e uma maquete do estádio do Corinthian­s, em Itaquera, zona leste de São Paulo.

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