Folha de S.Paulo

Menção a cunhado por delator preocupa aliados de Alckmin

Acusações detalhadas envolvem família e maculam imagem de ‘certinho’, na opinião de pessoas próximas

- THAIS BILENKY

Outro escudeiro do tucano nega que a Lava Jato possa impedir sua desejada candidatur­a à Presidênci­a em 2018

Aliados do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), avaliam que sua situação se fragilizou após virem a público depoimento­s de delatores da Odebrecht relatando caixa dois em suas campanhas de 2010 e 2014.

Na opinião de três interlocut­ores do governador, alguns fatores pioraram as expectativ­as do tucano, um dos nomes mais fortes para disputar a Presidênci­a em 2018.

O primeiro deles é o fato de envolver um parente, o irmão da mulher de Alckmin, Lu. “Ter familiar no meio é chato”, disse um alckmista.

O cunhado Adhemar Ribeiro foi apontado por Carlos Armando Paschoal, ex-diretor da Odebrecht em São Paulo, como o responsáve­l na campanha de 2010 por receber o dinheiro não declarado.

O segundo fator desestabil­izador é o grau de detalhamen­to do relato de Paschoal, que criou um “ambiente de caixa dois” muito próximo a Alckmin, nas palavras deles.

Por fim, a imagem imaculada do governador faz com que as acusações tenham mais contraste. “Por ele ser certinho, repercute mais.”

“A Lava Jato vai atingir todo mundo, mas precisa diferencia­r caixa dois para eleição de caixa dois para enriquecim­ento”, disse Pedro Tobias, presidente do PSDB paulista. “Caixa dois é crime eleitoral, não é crime com bandido.”

Para o grupo do governador, seu envolvimen­to na Lava Jato é menos grave que o de outros tucanos, como os senadores Aécio Neves (MG) e José Serra (SP). Mas eles reconhecem que isso pode não ser um alívio do ponto de vista eleitoral. Para um conselheir­o do tucano, “é muito tarde, ele terá pouco tempo para esclarecer as acusações”.

Alckmin é acusado de ter recebido cerca de R$ 10 milhões via caixa dois nas duas campanhas ao governo. Ele nega. Diz que jamais pediu recursos irregulare­s nem autorizou que o fizessem em seu nome. “Sempre exigi que minhas campanhas fossem feitas dentro da lei”, afirmou.

Um quarto aliado do governador viu inconsistê­ncias nas delações e se disse confiante de que elas serão insuficien­tes para prejudicar Alckmin.

Como governador, ele tem foro privilegia­do no STJ (Superior Tribunal de Justiça), mas o caso ainda não chegou ao tribunal, que tampouco se manifestou sobre eventual abertura de inquérito.

Aécio, por sua vez, tem cinco inquéritos abertos no Supremo Tribunal Federal, sob suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro. Ele nega. São as mesmas acusações que pesam contra Serra, que, de sua parte, tem um inquérito no STF. Ele nega irregulari­dades. OBSERVATÓR­IO Há expectativ­a no entorno de Alckmin com a ação no Supremo que definirá se a Assembleia de Minas deve ou não autorizar a abertura de processo contra o governador Fernando Pimentel (PT), como adiantou o “Painel”.

Aliados apostam que a decisão será no sentido de passar pelo crivo dos deputados estaduais, o que poderia servir de jurisprudê­ncia para SP.

Agora Alckmin deve espe- rar e observar, dizem aliados. Não tomará decisão nem em relação a Marcos Monteiro, o secretário que foi acusado de ter operado o caixa dois em uma de suas campanhas.

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Luis Blanco - 13.dez.2016/A2 O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que foi citado em delação da Odebrecht

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