Folha de S.Paulo

Petrobras pode desistir de áreas do pré-sal após leilões

Governo estuda permitir que estatal não participe de consórcios vencedores caso considere alto o valor do lance

- NICOLA PAMPLONA

O governo estuda permitir que a Petrobras desista de participar de consórcios do pré-sal depois da realização do leilão, caso considere que o lance oferecido por uma área esteja além de sua capacidade financeira.

A informação foi antecipada pela Reuters e confirmada pela reportagem.

Pelo modelo atual, a estatal pode escolher, antes do leilão, as áreas em que quer ser operadora. Nessas, terá uma participaç­ão mínima de 30% no consórcio vencedor, independen­temente de quem forem as outras empresas.

Mas terá de arcar com percentual equivalent­e dos bônus de assinatura pagos após o leilão e dos investimen­tos para colocar as jazidas em operação.

Vence a disputa o grupo de empresas que se compromete­r a entregar ao governo o maior percentual da produção de petróleo.

Pela proposta em discussão, a Petrobras poderá desistir da área apenas se não fizer parte do consórcio vencedor.

A implantaçã­o do direito de saída tem o objetivo de permitir à Petrobras que decida se quer seguir a proposta vencedora. Se considerar que os termos não se encaixam em sua estratégia financeira, pode desistir da área. Em crise, a estatal tem reduzido investimen­tos e focado seus recursos para reduzir seu endividame­nto.

A proposta está sendo discutida como parte da regulament­ação da lei que eliminou a obrigação da empresa de participar de todas as concorrênc­ias, aprovada em 2016, mas lhe deu o direito de escolher em quais quer entrar.

No primeiro leilão do présal, em 2013, a Petrobras pa- gou 40% do bônus de assinatura da área de Libra, que foi de R$ 15 bilhões.

A empresa venceu em consórcio formado pela Shell, pela francesa Total e pelas chinesas CNOOC e CNPC, o único a apresentar proposta, se compromete­ndo a entregar 41,65% da produção ao governo, excluindo volumes equivalent­es ao custo do projeto. CRONOGRAMA O governo prevê a realização de dois leilões do pré-sal neste ano. Além disso, já aprovou outros dois, em 2018 e em 2019. Ao todo, serão oferecidas 16 áreas, quatro por leilão.

Apenas neste ano, a expectativ­a é que os leilões do présal arrecadem em torno de R$ 7,5 bilhões em bônus de assinatura —o valor pago pelos consórcios vencedores para assinar o contrato.

As discussões para a regulament­ação do direito de preferênci­a estão em fase final, e a expectativ­a é que os novos termos sejam apresentad­os nas próximas semanas.

Em maio, a ANP (Agência Nacional do Petróleo) inicia um road show internacio­nal para apresentar os leilões e as novas regras do setor brasileiro de petróleo, que reduzem o peso da Petrobras. A empresa informou que desistiu da implantaçã­o de fábrica de garrafas e latas de alumínio, diante de incertezas sobre a obtenção de incentivo fiscal prometido pelo governo do Estado. A proposta de incentivo foi enviada à Assembleia Legislativ­a no dia 5, mas recebeu críticas da oposição, em meio à crise financeira do Estado. O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) propusera a postergaçã­o do pagamento de ICMS por 20 anos, até o valor de R$ 650 milhões.

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