Petrobras pode desistir de áreas do pré-sal após leilões
Governo estuda permitir que estatal não participe de consórcios vencedores caso considere alto o valor do lance
O governo estuda permitir que a Petrobras desista de participar de consórcios do pré-sal depois da realização do leilão, caso considere que o lance oferecido por uma área esteja além de sua capacidade financeira.
A informação foi antecipada pela Reuters e confirmada pela reportagem.
Pelo modelo atual, a estatal pode escolher, antes do leilão, as áreas em que quer ser operadora. Nessas, terá uma participação mínima de 30% no consórcio vencedor, independentemente de quem forem as outras empresas.
Mas terá de arcar com percentual equivalente dos bônus de assinatura pagos após o leilão e dos investimentos para colocar as jazidas em operação.
Vence a disputa o grupo de empresas que se comprometer a entregar ao governo o maior percentual da produção de petróleo.
Pela proposta em discussão, a Petrobras poderá desistir da área apenas se não fizer parte do consórcio vencedor.
A implantação do direito de saída tem o objetivo de permitir à Petrobras que decida se quer seguir a proposta vencedora. Se considerar que os termos não se encaixam em sua estratégia financeira, pode desistir da área. Em crise, a estatal tem reduzido investimentos e focado seus recursos para reduzir seu endividamento.
A proposta está sendo discutida como parte da regulamentação da lei que eliminou a obrigação da empresa de participar de todas as concorrências, aprovada em 2016, mas lhe deu o direito de escolher em quais quer entrar.
No primeiro leilão do présal, em 2013, a Petrobras pa- gou 40% do bônus de assinatura da área de Libra, que foi de R$ 15 bilhões.
A empresa venceu em consórcio formado pela Shell, pela francesa Total e pelas chinesas CNOOC e CNPC, o único a apresentar proposta, se comprometendo a entregar 41,65% da produção ao governo, excluindo volumes equivalentes ao custo do projeto. CRONOGRAMA O governo prevê a realização de dois leilões do pré-sal neste ano. Além disso, já aprovou outros dois, em 2018 e em 2019. Ao todo, serão oferecidas 16 áreas, quatro por leilão.
Apenas neste ano, a expectativa é que os leilões do présal arrecadem em torno de R$ 7,5 bilhões em bônus de assinatura —o valor pago pelos consórcios vencedores para assinar o contrato.
As discussões para a regulamentação do direito de preferência estão em fase final, e a expectativa é que os novos termos sejam apresentados nas próximas semanas.
Em maio, a ANP (Agência Nacional do Petróleo) inicia um road show internacional para apresentar os leilões e as novas regras do setor brasileiro de petróleo, que reduzem o peso da Petrobras. A empresa informou que desistiu da implantação de fábrica de garrafas e latas de alumínio, diante de incertezas sobre a obtenção de incentivo fiscal prometido pelo governo do Estado. A proposta de incentivo foi enviada à Assembleia Legislativa no dia 5, mas recebeu críticas da oposição, em meio à crise financeira do Estado. O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) propusera a postergação do pagamento de ICMS por 20 anos, até o valor de R$ 650 milhões.