Folha de S.Paulo

Ex-motorista de SP ganha ação contra a Uber

Condenada em primeira instância a pagar direitos trabalhist­as, empresa irá recorrer

- EDUARDO SODRÉ

FOLHA

A Uber sofreu sua primeira derrota em São Paulo na série de processos movidos por motoristas que se cadastrara­m no aplicativo.

A Justiça do Trabalho reconheceu, em primeira instância, que houve vínculo empregatíc­io entre a empresa e Fernando dos Santos Teodoro. Ele prestou serviços por meio do aplicativo de dezembro de 2015 até junho de 2016.

Além de ser obrigada a pagar os direitos trabalhist­as, como férias, 13° e FGTS, a Uber foi condenada por danos morais e também dumping social (por ter exposto o motorista a discussões com taxistas). A indenizaçã­o foi estipulada em R$ 50 mil.

Segundo o advogado Maurício Nanartonis, que defen- de o ex-motorista no processo, há outros casos similares em tramitação.

“Trabalho hoje com cerca de 15 ações no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região de São Paulo”, diz o advogado. O ponto de partida dos processos é o desligamen­to de motoristas de forma considerad­a unilateral. “São demitidos com o simples desligar o aplicativo. A empresa trabalha com algoritmos, é uma situação desumana.”

Em nota, a Uber disse que vai recorrer da decisão. “Ao conectar motoristas parceiros e usuários, a Uber cria milhares de oportunida­des flexíveis de geração de renda, enquanto oferece a milhões de pessoas uma nova alternativ­a para se locomover pelas cidades”, diz o texto enviado pela empresa.

No processo, os advogados da Uber alegaram que o término da parceria com Fernando dos Santos Teodoro não decorreu de um ato unilateral, mas, sim, devido “à má conduta do reclamante, que era classifica­do como um motorista regular, além de possuir alta taxa de cancelamen­to e baixa taxa de viagens completas”.

De acordo com o sentença, a alta taxa de cancelamen­tos alegada pela empresa “não foi comprovada a contento.” EQUILÍBRIO ECONÔMICO Segundo Paulo Acras, presidente da Associação dos Motoristas Autônomos de Aplicativo de São Paulo (AMAA), é preciso mudar a relação entre a empresa e os motoristas cadastrado­s.

“Não somos contra a Uber ou a tecnologia, mas temos que buscar o ponto de equi- líbrio econômico, ou então quebraremo­s o mercado de transporte. A empresa usa a capacidade física e financeira dos motoristas e depois os descarta”, diz Acras.

O presidente da entidade afirma que a taxa cobrada atualmente pela Uber em São Paulo (25% do faturament­o bruto) inviabiliz­a o negócio. “Quem compra um carro muitas vezes age como se entrasse no cheque especial, não calcula os gastos futuros. As despesas com manutenção, IPVA e combustíve­l consomem todo o lucro, o motorista não ganha nada.”

A Uber não comentou as críticas da AMAA.

Segundo a associação, há só mais um caso, em Belo Horizonte, em que a Uber já foi condenada a comprovar vínculo com um motorista, também em primeira instância.

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Kamil Krzaczynsk­i/Reuters » MARCAS Crystal Dao Pepper, filha do passageiro que foi retirado à força de avião da United, diz que o pai sofreu concussão e fratura no nariz e que deve processar empresa
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