Folha de S.Paulo

Cannes abraça TV e ignora Hollywood

Festival de cinema, em sua 70ª edição, exibirá os filmes inéditos de Sofia Coppola, Michael Haneke e Todd Haynes

- GUILHERME GENESTRETI

David Lynch levará os primeiros episódios da nova versão de ‘Twin Peaks’; mostra francesa vai de 17 a 28 de maio

O festival que era um dos últimos bastiões de resistênci­a do cinema cedeu ante o poder da telinha e também deixou de fora de seu tapete vermelho os grandes estúdios.

Ao anunciar a programaçã­o de sua 70ª edição nesta quinta-feira (13), o Festival de Cannes acendeu o sinal amarelo de Hollywood: apesar de seis longas americanos competirem pela Palma de Ouro neste ano (de um total de 18), nenhum deles é um blockbuste­r —nem mesmo nas exibições fora da disputa principal.

O festival vai de 17 a 28 de maio, na Riviera francesa.

No ano passado, Spielberg usou Cannes como vitrine para seu “O Bom Gigante Amigo”, e, no ano anterior, George Miller mostrou ali pela primeira vez a exuberânci­a de “Mad Max: Estrada da Fúria”.

A revista “Hollywood Reporter” foi a primeira a apontar a lacuna, lembrando que arrasa-quarteirõe­s como “Dunkirk”, filme de guerra de Christophe­r Nolan, e o novo “Blade Runner”, de Denis Villeneuve, foram esquecidos.

Já a TV não tem o que reclamar. O festival francês terá exibições dos dois primeiros episódios da nova “Twin Peaks”, de David Lynch, e de toda a segunda temporada de “Top of the Lake”, de Jane Campion. Vale dizer que Lynch e Campion já levaram a Palma de Ouro —com filmes, claro.

Na disputa principal, sem brasileiro­s, os habitués: o alemãoMich­aelHaneke(“Amor”) compete pela sétima vez, com o drama de refugiados “Happy End”, título que, vindo do cineasta, só pode ser irônico.

Também retornam os franceses François Ozon e Michel Hazanavici­us —este último, diretor de “O Artista”, exibirá “Redoutable”, cinebiogra­fia que traz Louis Garrel no papel do cineasta Jean-Luc Gordard.

Entre os americanos, grandes nomes do indie, caso de Todd Haynes e seu “Sem Fôlego”, sobre a conexão entre personagen­s de épocas distintas, e Sofia Coppola com “O Enganado”, mais um drama feminino com tensão sexual.

Nicole Kidman cruzará o tapete vermelho quatro vezes neste ano: além de “O Enganado”, ela aparece em “The Killing of a Sacred Deer”, também na competição, na série “Top of the Lake” e no filme “How to Talk to Girls At Parties”, fora da disputa. ‘120 Beats per Minute’, de Robin Campillo (França)

de Sofia Coppola (EUA)

‘O Enganado’, ‘The Day After’,

de Hong Sangsoo (Coreia do Sul) ,de Sergei Loznitsa (França) de Benny Safdie & Josh Safdie ( EUA) de Michael Haneke (França/ Alem./ Áust.) de Fatih Akin (Alemanha)

‘A Gentle Creature’ ‘Good Time’, ‘Happy End’, ‘In the Fade’, ‘Jupiter’s Moon’,

de Kornél Mundruczó (Hungria)

‘The Killing of a Sacred Deer’,

de Y. Lanthimos (EUA/ Reino Un.) de François Ozon (França) de Michel Hazanviciu­s (França) de Andrey Zvyagintse­v (França/ Rússia)

‘L’amant Double’, ‘Le Redoubtabl­e’, ‘Loveless’, ‘The Meyerowitz Stories’,

de Noah Baumbach (EUA) de Bong Joon-Ho (Coreia do Sul/ EUA) de Naomi Kawase (Japão/ França) de Jacques Doillon (França/Bélgica) de Todd

‘Okja’, ‘Radiance’, ‘Rodin’, ‘Sem Fôlego’,

Haynes (EUA)

‘You Were Never Really Here’,

de Lynne Ramsay (EUA/ França)

 ?? Divulgação ?? Nicole Kidman, em cena de ‘O Enganado’, de Sofia Coppola; atriz também estará em outras três produções em Cannes
Divulgação Nicole Kidman, em cena de ‘O Enganado’, de Sofia Coppola; atriz também estará em outras três produções em Cannes

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