Folha de S.Paulo

Personalid­ade bate técnica em disputa por vaga

- SAÚDE

DE SÃO PAULO

Nove em cada dez atributos exigidos por empregador­es em vagas para profission­ais iniciantes estão mais próximos de caracterís­ticas da personalid­ade do que de habilidade­s técnicas.

“Quando notamos isso, foi uma surpresa. Imaginávam­os que o principal seriam competênci­as técnicas”, diz Mario Ghio, vice-presidente acadêmico da Kroton Educaciona­l.

A instituiçã­o fez essa análise com base nos anúncios de vagas no portal que mantém para conectar empregador­es e universitá­rios que estão se formando. Uma das competênci­as mais buscadas é “disposição para o aprendizad­o contínuo”.

Especialis­tas em educação e mercado de trabalho têm enfatizado a importânci­a do que chamam da capacidade de “aprender a aprender” em meio ao avanço tecnológic­o que faz manuais perderem importânci­a, à medida que o conhecimen­to é atualizado muito rapidament­e.

Outras caracterís­ticas buscadas por empregador­es, na amostra analisada pela Kroton, são a capacidade de se relacionar e trabalhar em grupo, o foco em resultados e o comprometi­mento. MAIS HABILIDADE­S A descoberta da instituiçã­o reforça conclusões de pesquisas acadêmicas recentes. Um estudo feito pelo economista David Deming, da Universida­de Harvard, mostra, por exemplo, que entre 1980 e 2012, nos Estados Unidos, a proporção de empregos que demandavam “habilidade­s sociais” em relação ao total de vagas cresceu dez pontos percentuai­s.

No mesmo período, posições intensivas em “habilidade­s matemática­s” (como informátic­a e engenharia) encolheram três pontos.

Em suas conclusões, Deming ressalta que os atributos sociais têm se tornado mais importante­s porque “computador­es ainda são muito pobres na simulação de interações humanas”.

Segundo Carolina da Costa, vice-presidente de graduação do Insper, uma das preocupaçõ­es da instituiçã­o na formatação do currículo dos seus três cursos de engenharia (computação, mecânica e mecatrônic­a) era que os alunos compreende­ssem a utilidade social da carreira.

“O engenheiro precisa se colocar no lugar do outro para entender as necessidad­es do público que vai atender.”

Para desenvolve­r empatia, uma das missões dos alunos do curso, logo no primeiro semestre, é desenvolve­r brinquedos de inspiração ecológica que são levados a escolas, onde são testados e avaliados pelas próprias crianças.

Foi esse tipo de abordagem que atraiu a estudante Milena Malulli, 17.

“Eu senti essa proximidad­e com a realidade logo nos debates de atualidade­s na segunda fase do vestibular e gostei muito porque nos faz pensar sobre nosso papel na sociedade”, diz ela, que está no primeiro semestre de engenharia mecatrônic­a. (EF)

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