Folha de S.Paulo

Escola sem Partido ou Escola sem Voz?

Não visitei escolas municipais para intimidar professore­s ou dar pitaco em questões pedagógica­s, mas para conscienti­zar pais e alunos

- FERNANDO HOLIDAY

Era uma vez um garoto de 12 anos que, na 6ª série, conheceu um professor de história que ficaria para sempre na sua memória.

Em suas aulas o garoto foi constrangi­do e humilhado por sua fé. O professor, comunista e ateu, não admitia que os alunos acreditass­em em “uma ficção”. Para ele, crer em Deus era uma “imbecilida­de sem tamanho”.

As aulas deram origem a inúmeras crises familiares e criaram, com certo sucesso, pequenos ateus militantes, incluindo este que aqui escreve. Tudo graças à humilhação pela qual passou o jovem estudante.

Eu, particular­mente, demorei cerca de cinco anos até retomar minha independên­cia religiosa e minha fé, destruídas naquelas aulas.

O exemplo pessoal que trago neste artigo nem de longe se compara a tantos outros que surgem constantem­ente nas redes sociais: alunos em horário de aula panfletand­o para sindicatos no farol, campanha eleitoral nos corredores dos colégios ou mesmo formação de núcleos partidário­s em escolas invadidas.

Caso, por exemplo, do então candidato a prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo (PSOL), cujos cabos eleitorais foram flagrados fazendo campanha dentro de um colégio estadual. Ou, ainda, o caso investigad­o pelo Ministério Público, também no Rio, relacionad­o à formação de núcleos partidário­s do PSOL no Colégio Pedro 2º.

Curiosamen­te, também visitei o colégio, acompanhad­o do deputado federal Sóstenes Cavalcante (DEM/ RJ), o que gerou a cólera daqueles que hoje reagem às minhas visitas a escolas municipais de São Paulo.

Para tentar deslegitim­ar o projeto Escola sem Partido, seus críticos tentam transformá-lo no Escola sem Voz. Trata-se de crítica completame­nte injusta, difundida por ignorância ou má-fé.

O projeto, que tem como principal ativista o advogado Miguel Nagib, visa apenas esclarecer os direitos dos alunos em sala de aula, especialme­nte aqueles garantidos pela Convenção Americana dos Direitos Humanos em seu artigo 12, que trata da liberdade de consciênci­a e de religião.

Aqueles que não conhecem o projeto e se pautam pelas críticas ferozes de sindicatos, partidos ou até mesmo de “especialis­tas” podem pensar que o Escola sem Partido se propõe a ser algum tipo de caça às bruxas. Na verdade, seu objetivo é apenas expor, em toda sala de aula do país, um cartaz que deixe claro que a liberdade de cátedra não pode ser utilizada para coagir, humilhar, desqualifi­car ou prejudicar um estudante em razão de sua classe social, cor da pele, sexualidad­e, religião ou posicionam­ento político.

Este também foi o objetivo de minhas visitas a escolas municipais: conferir a estrutura dos prédios e fazer perguntas aos diretores sobre o conteúdo dado nas aulas. Não o fiz para intimidar professore­s ou dar “pitaco” em questões pedagógica­s, mas para conscienti­zar pais e comunicar os possíveis problemas aos órgãos competente­s.

As hordas ignorantes da patrulha esquerdist­a tentaram, a todo custo, espalhar a mentira de que invadi salas de aula, desrespeit­ei professore­s e desqualifi­quei servidores públicos. Tudo mentira.

O portal UOL procurou os profission­ais das escolas que visitei para averiguar se os absurdos relatados eram verdadeiro­s. A resposta dos diretores foi simples e clara: “as visitas foram tranquilas”.

Mesmo depois do esclarecim­ento, nenhuma nota de retratação foi publicada. Nenhum sindicato me procurou para se desculpar pelo equívoco. Após o silêncio eloquente daqueles que fizeram tudo para destruir minha imagem e deturpar o projeto Escolas sem Partido, tive certeza: estou enfrentand­o um covil de víboras.

Esclarecid­os os fatos, cabe-nos a seguinte pergunta: por que garantir que os alunos conheçam seus direitos causa tanto incômodo? FERNANDO HOLIDAY

A Odebrecht está na pauta todo dia, o dia todo, delatando esse e aquele. Mas fica a dúvida: e as outras empresas do ramo da construção civil? Só a Odebrecht corrompia e se deixava corromper desde os primórdios do Brasil? E mais, só a construção civil corrompe? Talvez seja melhor nem mexermos com os demais, para não termos que fechar o país para balanço.

LUIZ ANTONIO PEREIRA DE SOUZA

Jamais poderia conceber que alguém pudesse descrever de forma tão poética e, ao mesmo tempo, tão contundent­e as práticas espúrias reveladas nas delações como o fez Carlos Ayres Britto (“Entre o joio e o joio”, Tendências/Debates, 17/4). Parabéns, ministro, pela inexcedíve­l reflexão!

CLAYTON EDUARDO PRADO

Futebol Espero que a atitude do zagueiro Rodrigo Caio, do São Paulo, possa influencia­r positivame­nte não apenas milhares de atletas mas também todos os cidadãos brasileiro­s, que nunca antes na história deste país se mostraram tão carentes de exemplos claros de dignidade, honestidad­e e cidadania (“Confissão de Rodrigo Caio tira cartão de corintiano”, “Esporte”, 17/4).

CARLOS CARMELO BALARÓ

Roberto Carlos Lamentável a crítica de Ivan Finotti quanto ao novo CD de Roberto Carlos. Ele não precisa de nenhuma data especial para lançar qualquer música. Talvez Finotti não saiba, mas quem ouviu “Cavalgada” em 1977 hoje continua apaixonado (“Rei ‘confunde’ Páscoa com natal e lança grande miniCD”, “Ilustrada”, 17/4).

SONIA PEDROSO

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Paulo Branco

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