Folha de S.Paulo

Governador­es ganharam R$ 42 mi em caixa 2, diz Odebrecht

Valores teriam sido repassados na últimas campanha a 6 deles; citados negam acusações e afirmam que versão de delatores é absurda

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Seis governador­es citados por delatores da Odebrecht receberam R$ 42,1 milhões em caixa dois em campanhas vitoriosas em 2014, segundo relatos de ex-executivos da empreiteir­a.

No total, nas últimas duas campanhas, 12 governador­es mencionado­s teriam sido contemplad­os com R$ 50,7 milhõesemc­ontribuiçõ­esilegais.

Em alguns casos, o caixa dois chegaria à quase metade dos valores declarados oficialmen­te à Justiça Eleitoral.

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), lidera a lista dos maiores be- neficiário­s, tendo supostamen­te recebido R$ 20,3 milhões, segundo o diretor de infraestru­tura da Odebrecht Benedicto Júnior, o BJ. O valor correspond­e a 45% de tudo que ele declarou.

Geraldo Alckmin (PSDBSP), Marconi Perillo (PSDBGO), Beto Richa (PSDB-PR), Raimundo Colombo (PSD-SC) e Marcelo Miranda (PMDBTO) são acusados de terem recebido recursos não contabiliz­ados em 2014.

Outros três governador­es são suspeitos de terem recebido doações irregulare­s em 2010. Integram a lista Tião Viana (PT-AC), com doações de R$ 1,5 milhão; Robinson Faria (PSD-RN), então candida- to a vice, com R$ 350 mil; e Flávio Dino (PCdoB-MA), com R$ 200 mil.

O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), também teria solicitado R$ 1 milhão a candidatos apoiados por seu partido no Estado —pagos em caixa dois, segundo os delatores.

Parte das menções aos governador­es foi remetida para avaliação do STJ (Superior Tribunal de Justiça) por conta do foro privilegia­do que eles possuem.

O caixa dois é a acusação mais frequente. Alguns são também suspeitos de oferecerem contrapart­idas em troca do apoio financeiro —o que, para a PGR (Procurador­ia-Geral da República), pode configurar crime de corrupção.

Renan Filho (PMDB), governador de Alagoas e filho do senador Renan Calheiros (PMDB), por exemplo, teria recebido R$ 800 mil em doações legais da Odebrecht, mas, em troca, seu pai teria atuado para passar no Senado uma lei que beneficiar­ia a empresa. Já o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), é acusado de receber R$ 13,5 milhões quando era ministro do Desenvolvi­mento para defender os interesses da empreiteir­a. OUTRO LADO Os governador­es citados negam ter solicitado favores indevidos à empreiteir­a e questionam a veracidade dos depoimento­s. A maioria afirma que as doações recebidas na campanha foram declaradas e aprovadas pela Justiça. Governador Pezão (PMDB) Geraldo Alckmin (PSDB) Marconi Perillo (PSDB) Beto Richa (PSDB) Raimundo Colombo (PSD) Marcelo Miranda (PMDB) EM 2010 Governador Geraldo Alckmin (PSDB) Raimundo Colombo (PSD) Marconi Perillo (PSDB) Tião Viana (PT) Paulo Hartung (PMDB) Beto Richa (PSDB) Robinson Faria (PSD) Flávio Dino (PCdoB) SP GO SC TO UF SP SC GO ES

“A versão que está sendo noticiada é absurda, carregada de mentiras, ódio e revanchism­o”, afirmou o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD).

O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), disse que as suspeitas são “delirantes e mentirosas”, já que ele não concorreu nas eleições de 2010 e 8,3 8 2 1* 2012.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) informou, via assessoria, que os delatores “não apontam nenhum ato ilícito do então candidato”.

“Seu relato deixa claro que ele não presenciou conversa, pedido ou sugestão para a prática de qualquer delito.”

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), dis- se, em nota, que nunca recebeu recursos ilícitos e jamais teve conta no exterior.

O governador do Acre, Tião Viana (PT), disse confiar na Justiça. “Tomarei todas as medidas judiciais cabíveis contra os delatores da calúnia e os propagandi­stas da desonra”, disse. (LUCAS VETTORAZZO, NICOLA PAMPLONA E ESTELITA HASS CARAZAI)

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