Pluralidade de matéria-prima mira na diversidade do público
EM NOVA YORK
Os filmes que servem como base para os novos musicais da Broadway são tão diversos quanto o público esperado para assisti-los.
“Charlie and the Chocolate Factory” (“A Fantástica Fábrica de Chocolate”) disputa lugar entre as opções voltadas para o público infantil — os megalomaníacos “Aladdin” e “O Rei Leão”.
O musical se beneficia da popularidade da obra de Roald Dahl; outro livro do autor, “Matilda”, adaptado para o cinema em 1996, rendeu um musical que ficou em cartaz na Broadway por três anos.
A produção de “Charlie” vem de Londres, onde teve direção de Sam Mendes, que já não assina a montagem.
Reformulada, diminuiu cenários, mas manteve as referências visuais dos dois filmes baseados no livro —a versão de 1971 com Gene Wilder e a de 2005 de Tim Burton— e o hit “Pure Imagination”, do primeiro deles, na trilha.
Indicado ao Oscar de filme estrangeiro em 2002, o francês “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” chega ao palco pela primeira vez.
A inventividade da diretora Pam MacKinnon se destaca, mas não é o suficiente para chegar à atmosfera do longa.
As comédias norte-americanas também são matéria prima; a da vez é “Groundhog Day”, filme de 1993 com Bill Murray, lançado no Brasil como “Feitiço do Tempo”. O musical, por acaso, foi feito primeiro em Londres. A história é a mesma: repórter vai à Pensilvânia cobrir o Dia da Marmota (daí o título original) e se vê preso no tempo. (DB)
Durante o mês de abril, os teatros da Broadway abrem as portas com dez espetáculos inéditos. Entre eles, quatro são adaptados de filmes: “Anastasia”, “Amélie, a New Musical”, “Groundhog Day” (“Feitiço de Tempo”) e “Charlie and the Chocolate Factory” (“A Fantástica Fábrica de Chocolate”).
Blockbusters, animações e até filmes estrangeiros estão credenciados para serem musicados e recriados no palco, em busca de um público já familiarizado com as histórias e, assim, mais disposto a desembolsar cerca de US$ 100 (R$ 330) para assistir a um musical.
Além de venderem com maia facilidade, musicais derivados do cinema costumam ter vida longa.
A jornada das histórias originais é mais árdua. “Dear Evan Hansen” e “Come From Away”, que também estreiam neste mês, devem se destacar no Tony Awards (o Oscar do teatro americano), mas estão fadados ao destino de seus antecessores: “Fun Home”, vencedor do prêmio em 2015, já saiu de cartaz.
Contra a maré, “Hamilton” (Tony em 2016) é o azarão: o musical que conta a vida de Alexander Hamilton tem casa quase cheia até março de 2018 —os poucos ingressos disponíveis custam pelo menos US$ 750 (R$ 2.475)
Entretanto, Lin-Manuel Miranda, que concebeu a obra, deixou o espetáculo por motivos cinematográficos: para as canções da animação da Disney “Moana”, que concor- reu ao Oscar na categoria, e está rodando uma nova versão de “Mary Poppins”.
Musicais originais que se destacam costumam fazer o caminho contrário e chegar a Hollywood. Os resultados financeiros, no entanto, mostram riscos.
“Chicago” estreou na Broadway em 1975, voltou em 1996 e ficou desde então. Chegou ao cinema em 2002 faturando seis Oscar e US$ 306,7 milhões (R$ 1 bilhão) em bilheteria. Já “O Fantasma da Ópera”, que detém o título de musical mais longevo da cidade, ganhou as telonas em 2004 e decepcionou: fez apenas US$ 154,6 (R$ 510 milhões). MÃO DE OBRA