Folha de S.Paulo

Indústria defende eliminação gradual da contribuiç­ão sindical

Ideia é dar tempo para que sindicatos patronais e de trabalhado­res se adaptem ao fim da verba

- MARIANA CARNEIRO

Fim do recolhimen­to, que somou R$ 3,9 bi no ano passado, tem o apoio do governo na reforma trabalhist­a

O presidente da Confederaç­ão Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, vai defender que a contribuiç­ão sindical seja eliminada de maneira gradual e que não vá a zero imediatame­nte.

A intenção é dar tempo para que sindicatos, tanto os de trabalhado­res quanto os patronais, se adaptem ao fim dessa fonte de recursos.

Em 2016, a contribuiç­ão sindical obrigatóri­a recolheu R$ 3,9 bilhões, dinheiro que irriga cerca de 11 mil sindicatos de trabalhado­res e 5.000 patronais no país.

No caso dos trabalhado­res, a contribuiç­ão é cobrada em março e representa um dia de trabalho. Para as empresas, o recolhimen­to também é obrigatóri­o, feito em janeiro e correspond­e a um percentual sobre o capital social.

Por iniciativa do relator da reforma trabalhist­a, deputado Rogério Marinho (PSDBRN), o tema entrou no texto que será apreciado na Câmara. Desde então, entidades patronais e de trabalhado­res se movimentam para tentar demover a ideia.

A reforma trabalhist­a, no entanto, recebeu o selo de “agenda positiva” do Palácio do Planalto e, como mostrou reportagem da Folha, sua aprovação rápida serviria para denotar a força que o governo ainda possui para votar a reforma da Previdênci­a.

Além disso, a ameaça sobre a contribuiç­ão abriu um canal de diálogo e negociação com as centrais sindicais, que até agora vinham prometendo forte resistênci­a à reforma da Previdênci­a.

O posicionam­ento do presidente da CNI, se de um lado aponta para uma possível saída ao impasse sobre a contribuiç­ão, de outro tende a dividir o bloco dos insatisfei­tos.

A Fiesp (indústrias de São Paulo), pressionad­a por sindicatos patronais que estão na sua base, não fechou questão sobre o tema. Em encontro em Brasília, empresário­s que fazem parte da federação demonstrar­am insatisfaç­ão com o fim da contribuiç­ão.

A CNC (Confederaç­ão Nacional do Comércio) tem encontro com a UGT (União Geral dos Trabalhado­res), Ricardo Patah, nesta terça (18). Sindicatos que fazem parte da CNC são contra a retirada da contribuiç­ão, assim como a central de trabalhado­res.

Embora entre no caixa de entidades empresaria­is, o imposto sindical não é a verba mais importante para o setor. As contribuiç­ões do Sistema S, cobradas sobre a folha de pagamentos e destinadas a Sesi, Senai, Senac etc., recolheram cerca de R$ 16 bilhões no ano passado.

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Pedro Ladeira - 29.mar.2016/Folhapress Campanha da Fiesp em Brasília contra aumento de tributos

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