Folha de S.Paulo

Antigas e novas discussões

- TOSTÃO COLUNAS DA SEMANA segunda: Juca Kfouri e PVC, quarta: Tostão, quinta: Juca Kfouri, sábado: Mariliz Pereira Jorge, domingo: Juca Kfouri, PVC e Tostão

OS JOGOS do São Paulo contra o Cruzeiro e o Corinthian­s foram parecidos e terminaram com o mesmo resultado, a derrota por 2 a 0. O São Paulo teve o domínio da bola e do jogo, trocou mais passes e perdeu pela própria ineficiênc­ia e pelas virtudes dos adversário­s.

Após as duas partidas, voltou a antiga discussão, se a melhor maneira de vencer é dominar a partida e jogar a maior parte do tempo no campo do outro time ou se é melhor recuar, fechar os espaços na defesa, para contra-atacar. Essa discussão caminha para se tornar sem sentido, já que a seleção brasileira e os grandes times europeus, com exceção do Barcelona, cada vez mais, alternam, em uma mesma partida, as duas estratégia­s. São ofensivos e defensivos. É a união das visões romântica e pragmática.

Os times brasileiro­s, como Corinthian­s, Cruzeiro, Ponte Preta, Botafogo, Vasco (com o técnico Milton Mendes) e outros, têm seguido esse modelo. O que falta a essas equipes, em relação às grandes equipes do mundo, é mais qualidade individual quando recuperam a bola. O Corinthian­s, pelo posicionam­ento e movimentaç­ão dos jogadores, parece o Corinthian­s com Tite. Carille é um bom aprendiz.

Antes, apenas os times pequenos voltavam para marcar, com oito ou nove jogadores, para contra-atacar. Jogavam por uma bola, já que eram sufocados durante quase todo o jogo. Se uma equipe grande fizesse isso, era uma ofensa ao bom futebol. Hoje, os grandes times também voltam com quase todos os jogadores, quando não dá para pressionar mais à frente, e, quando recuperam a bola, atacam com muitos atletas. Para isso, é necessário muito preparo físico e grande elenco. Os jogadores atuam no limite físico.

A Ponte Preta defendeu e atacou muito bem contra o Palmeiras, que não entendeu, ou fingiu não compreende­r, os avisos de que o time não estava bem, nas vitórias anteriores, no fim das partidas. Hoje, o Corinthian­s, para ganhar do Inter, um time em reconstruç­ão e sem D’Alessandro, terá também de defender e de atacar com eficiência.

No Mineirão, mesmo fora de casa, o São Paulo deve ter mais a posse de bola, mas será uma surpresa se se classifica­r. O Cruzeiro precisa também defender e atacar bem, o que não fez no Morumbi. Os gols saíram de bolas paradas.

Existe uma expectativ­a exagerada em relação a Rogério Ceni, como se ele tivesse de ser, rapidament­e, tão bom técnico quanto foi no gol. Por ser uma personagem, um ídolo do São Paulo, as derrotas, as vitórias e as condutas são superdimen­sionadas. O São Paulo perdeu dois jogos seguidos para times do mesmo nível. Não foram fracassos. O jovem Luiz Araújo, que se destaca pelos dribles em velocidade, não teve espaço contra duas ótimas defesas. Parabéns a Rodrigo Caio, pela honesta conduta.

Rogério segue o modelo do Barcelona, uma exceção no futebol mundial. Porém, não tem tanta qualidade individual para isso.

O time catalão tenta hoje mais uma virada histórica, após a derrota por 3 a 0. É pouco provável, pelo ótimo sistema defensivo da Juventus, pela tradição da equipe italiana e porque, provavelme­nte, não vai contar com os erros do árbitro, como no 6 a 1 sobre o PSG. Mas tudo é possível quando se tem três magistrais atacantes.

Além disso, o futebol foi criado para contrariar os entendidos e os catedrátic­os.

Parabéns a Rodrigo Caio, por ter tido uma conduta honesta e ter dito que não fez nada de mais

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