Folha de S.Paulo

A TV Cultura começa a se reinventar

A missão da TV Cultura é promover a formação crítica de seu público para a cidadania, seguindo os fundamento­s democrátic­os

- BELISÁRIO DOS SANTOS JR., JORGE DA CUNHA LIMA E RUBENS NAVES www.folha.com.br/paineldole­itor/ saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

No último dia 31 de março, a exposição “Rá-Tim-Bum, o Castelo”, estreou no Memorial da América Latina. A oportunida­de de rever e reviver o universo da série infantil de 20 anos atrás é tão bem-vinda que, no dia 13 de abril, mais de 170 mil ingressos já haviam sido vendidos.

No mesmo período, a TV Cultura mostrou que não adormeceu sobre os louros dos sucessos, do prestígio e dos prêmios já conquistad­os. Estreou 17 novos programas, um acréscimo de 275 horas inéditas na programaçã­o da emissora.

Programas de qualidade, entretanto, não poderão mais, por si só, garantir a sustentabi­lidade e a relevância da TV Cultura no mundo da comunicaçã­o. Como todas as demais empresas dependente­s da tecnologia e dos modelos de organizaçã­o, gestão e negócios da televisão tradiciona­l, a mais conhecida emissora pública brasileira precisa avançar decididame­nte no sentido de uma nova era tecnocultu­ral.

Um futuro já muito presente, de multiplata­formas e cardápios à la carte, de ferramenta­s e conteúdos adequados a novas formas de procurar, escolher, assistir e compartilh­ar produtos audiovisua­is.

Nos últimos anos, um grupo de profission­ais da TV Cultura e conselheir­os da Fundação Padre Anchieta empreender­am, com o auxílio de especialis­tas da academia e do mercado de comunicaçã­o, intenso trabalho de pesquisa, reflexão e debate.

A iniciativa resultou em um novo plano estratégic­o, aprovado pelo conselho curador da fundação em dezembro de 2016, que estabelece diretrizes para o mais desafiador processo de transforma­ção já vivido pela instituiçã­o.

Essa transição para uma nova TV Cultura só será bem-sucedida se o trabalho de renovação atualizar, fortalecer e expressar a missão e os valores que são sua alma e sua razão de ser.

A missão central da TV Cultura é promover a formação crítica de seu público para o exercício da cidadania. A exemplo do que também acontece com as outras TVs públicas de qualidade mundo afora, os valores que a norteiam se sustentam nos fundamento­s da cultura democrátic­a e nos ideais da imprensa livre.

São ele, por exemplo: pluralidad­e representa­tiva da diversidad­e social, espaço para o dissenso e o confronto civilizado de ideias, acuidade factual, isenção crítica ao lidar com as diversas vertentes políticoid­eológicas, compromiss­o com as demandas democrátic­as da cidadania e coragem para denunciar discursos de intolerânc­ia e ódio.

A TV Cultura precisa promover e defender o exercício da liberdade de opinião. Deve manter compromiss­o igualmente firme com a diferencia­ção entre comentário­s e análises acolhidos e protegidos sob o princípio da liberdade de opinião e os denuncismo­s inconseque­ntes, disseminad­os por meio de ofensas grosseiras que em nada contribuem para um debate esclareced­or.

A evolução do mundo da comunicaçã­o exige profundas mudanças tecnológic­as e organizaci­onais. Já a cidadania brasileira precisa hoje, talvez mais do que nunca, de espaços plurais e inclusivos de mediação e diálogo, que apoiem a sociedade brasileira na busca de projetos de futuro.

Necessidad­e que deve ser suprida, especialme­nte, por uma mídia pública fiel aos valores civilizató­rios que a legitimam nas democracia­s do mundo.

O plano estratégic­o que começa a ser concretiza­do pela TV Cultura propõe a superação desses desafios por meio de um processo de transforma­ção que iluminará os caminhos da renovação. BELISÁRIO DOS SANTOS JR,

Padre Anchieta

JORGE DA CUNHA LIMA,

conselho curador da Fundação Padre Anchieta

RUBENS NAVES,

A Folha publicou reportagem segundo a qual “em defesa de Lula, Bresser pede anistia a caixa dois e ‘presentes’” (folha.com/no1876555). Não foi em defesa de Lula, mas em defesa dos bons políticos brasileiro­s, entre os quais está Lula, que fiz essa declaração. E já fiz essa defesa muitas vezes, inclusive em artigo publicado na seção Tendências/Debates. Em nome de um moralismo radical, estamos destruindo nossos políticos mais competente­s, que não receberam propina, e estamos, assim, cometendo grande injustiça com muitas pessoas que merecem nosso respeito.

LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA,

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Rodrigo Caio foi honesto no jogo contra o Corinthian­s. A mídia elogiou, mas teve gente que criticou (“Jogo limpo de Rodrigo Caio com rival é contestado no São Paulo”, “Esporte”, 18/4). Isso me fez lembrar o nosso fenomenal Nilton Santos, que se vangloriou inúmeras vezes por, em jogo da Copa do Mundo, ao cometer uma falta dentro da área, dar um passo e induzir o juiz a marcar falta fora da área. No tênis, fair play é comum, mas no futebol e no vôlei passa ao largo.

HUMBERTO SCHUWARTZ SOARES

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