A TV Cultura começa a se reinventar
A missão da TV Cultura é promover a formação crítica de seu público para a cidadania, seguindo os fundamentos democráticos
No último dia 31 de março, a exposição “Rá-Tim-Bum, o Castelo”, estreou no Memorial da América Latina. A oportunidade de rever e reviver o universo da série infantil de 20 anos atrás é tão bem-vinda que, no dia 13 de abril, mais de 170 mil ingressos já haviam sido vendidos.
No mesmo período, a TV Cultura mostrou que não adormeceu sobre os louros dos sucessos, do prestígio e dos prêmios já conquistados. Estreou 17 novos programas, um acréscimo de 275 horas inéditas na programação da emissora.
Programas de qualidade, entretanto, não poderão mais, por si só, garantir a sustentabilidade e a relevância da TV Cultura no mundo da comunicação. Como todas as demais empresas dependentes da tecnologia e dos modelos de organização, gestão e negócios da televisão tradicional, a mais conhecida emissora pública brasileira precisa avançar decididamente no sentido de uma nova era tecnocultural.
Um futuro já muito presente, de multiplataformas e cardápios à la carte, de ferramentas e conteúdos adequados a novas formas de procurar, escolher, assistir e compartilhar produtos audiovisuais.
Nos últimos anos, um grupo de profissionais da TV Cultura e conselheiros da Fundação Padre Anchieta empreenderam, com o auxílio de especialistas da academia e do mercado de comunicação, intenso trabalho de pesquisa, reflexão e debate.
A iniciativa resultou em um novo plano estratégico, aprovado pelo conselho curador da fundação em dezembro de 2016, que estabelece diretrizes para o mais desafiador processo de transformação já vivido pela instituição.
Essa transição para uma nova TV Cultura só será bem-sucedida se o trabalho de renovação atualizar, fortalecer e expressar a missão e os valores que são sua alma e sua razão de ser.
A missão central da TV Cultura é promover a formação crítica de seu público para o exercício da cidadania. A exemplo do que também acontece com as outras TVs públicas de qualidade mundo afora, os valores que a norteiam se sustentam nos fundamentos da cultura democrática e nos ideais da imprensa livre.
São ele, por exemplo: pluralidade representativa da diversidade social, espaço para o dissenso e o confronto civilizado de ideias, acuidade factual, isenção crítica ao lidar com as diversas vertentes políticoideológicas, compromisso com as demandas democráticas da cidadania e coragem para denunciar discursos de intolerância e ódio.
A TV Cultura precisa promover e defender o exercício da liberdade de opinião. Deve manter compromisso igualmente firme com a diferenciação entre comentários e análises acolhidos e protegidos sob o princípio da liberdade de opinião e os denuncismos inconsequentes, disseminados por meio de ofensas grosseiras que em nada contribuem para um debate esclarecedor.
A evolução do mundo da comunicação exige profundas mudanças tecnológicas e organizacionais. Já a cidadania brasileira precisa hoje, talvez mais do que nunca, de espaços plurais e inclusivos de mediação e diálogo, que apoiem a sociedade brasileira na busca de projetos de futuro.
Necessidade que deve ser suprida, especialmente, por uma mídia pública fiel aos valores civilizatórios que a legitimam nas democracias do mundo.
O plano estratégico que começa a ser concretizado pela TV Cultura propõe a superação desses desafios por meio de um processo de transformação que iluminará os caminhos da renovação. BELISÁRIO DOS SANTOS JR,
Padre Anchieta
JORGE DA CUNHA LIMA,
conselho curador da Fundação Padre Anchieta
RUBENS NAVES,
A Folha publicou reportagem segundo a qual “em defesa de Lula, Bresser pede anistia a caixa dois e ‘presentes’” (folha.com/no1876555). Não foi em defesa de Lula, mas em defesa dos bons políticos brasileiros, entre os quais está Lula, que fiz essa declaração. E já fiz essa defesa muitas vezes, inclusive em artigo publicado na seção Tendências/Debates. Em nome de um moralismo radical, estamos destruindo nossos políticos mais competentes, que não receberam propina, e estamos, assim, cometendo grande injustiça com muitas pessoas que merecem nosso respeito.
LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA,
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Rodrigo Caio foi honesto no jogo contra o Corinthians. A mídia elogiou, mas teve gente que criticou (“Jogo limpo de Rodrigo Caio com rival é contestado no São Paulo”, “Esporte”, 18/4). Isso me fez lembrar o nosso fenomenal Nilton Santos, que se vangloriou inúmeras vezes por, em jogo da Copa do Mundo, ao cometer uma falta dentro da área, dar um passo e induzir o juiz a marcar falta fora da área. No tênis, fair play é comum, mas no futebol e no vôlei passa ao largo.
HUMBERTO SCHUWARTZ SOARES