Folha de S.Paulo

Lula diz ter prova de que tríplex não era seu

Defesa de petista apresenta documentos de recuperaçã­o da OAS que listam apartament­o como ativo da empresa

- ANGELA BOLDRINI

Ex-presidente é réu em ação na qual se apura se imóvel foi presente da construtor­a; em maio, dará depoimento a Moro

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou nesta quarta (18) documentos de recuperaçã­o judicial da empreiteir­a OAS em que a empresa afirma ser a proprietár­ia do tríplex do Condomínio Solaris, em Guarujá, no litoral de São Paulo.

Os documentos foram protocolad­os na 13ª Vara de Curitiba, onde o petista é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do apartament­o. Para o Ministério Público, ele se beneficiou de reformas do imóvel feitas pela OAS, cujos recursos teriam origem no esquema de corrupção na Petrobras.

Segundo o advogado do expresiden­te Cristiano Zanin Martins, os documentos do plano de recuperaçã­o judicial da OAS reforçam a tese da defesa de que é “impossível que o apartament­o seja propriedad­e de Lula”.

A unidade 164-A do condomínio aparece listada em avaliação de bens em ação que corre desde setembro de 2015 na 1ª Vara de Falências de São Paulo. Nela, duas unidades do Solaris são arroladas como ativos da empreiteir­a.

Além disso, os advogados do ex-presidente Lula apresentar­am relatórios de março de 2016 e janeiro de 2017 feitos pelo administra­dor judicial que analisou a lista de ativos da empresa e confirmam os apartament­os como propriedad­e da empresa.

“Os documentos reforçam que a acusação não passa de peça de ficção”, afirmou Zanin.

Outro processo apresentad­o pela defesa corre na 2ª Vara Cível do Guarujá, e trata de cobrança de despesas condominia­is pelo Solaris contra a ré OAS. Em fevereiro deste ano, a empreiteir­a apresentou sua defesa, e não contestou a propriedad­e do imóvel.

“É impossível diante desse quadro dizer que a unidade seja do ex-presidente Lula”, disse Zanin. Em 2005, Lula e sua mulher, Marisa Letícia, adquiriram cotas para a compra do apartament­o e, anos depois, desistiram da aquisição.

Ele citou ainda a absolvição sumária do empresário Léo Pinheiro, sócio da OAS, e o extesourei­ro do PT João Vaccari Neto pela Justiça de São Paulo da acusação de supostos crimes praticados no caso da empreiteir­a na Bancoop, na terça (18). Outras dez pessoas também foram inocentada­s.

O ex-presidente era um dos acusados na denúncia, mas a juíza enviou essa parte da acusação ao juiz Sergio Moro, o que é questionad­o pelos advogados do petista. Marisa Letícia, morta em fevereiro, que também era ré na ação, teve sua punibilida­de extinta.

Lula prestará depoimento em Curitiba no dia 3 de maio. DEPOIMENTO­S O advogado chamou de “ilegalidad­e” a determinaç­ão de Moro de que Lula tem de comparecer às oitivas das 87 testemunha­s arroladas pela defesa. “Esperamos que essa ilegalidad­e seja revista”, afirmou Zanin. A defesa recorreu da decisão.

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