Folha de S.Paulo

Delatores reforçam suspeitas contra petista

- FLÁVIO FERREIRA

Relatos tratam das obras feitas em sítio

Depoimento­s de delatores da empreiteir­a Odebrecht reforçam as suspeitas de que a construtor­a concedeu benefícios pessoais ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao realizar obras em um sítio em Atibaia (SP), usado pela família do petista, e ao comprar um terreno em São Paulo para abrigar o Instituto Lula.

As supostas ações da empreiteir­a em favor de Lula teriam ocorrido em 2010, quando o petista ainda ocupava a presidênci­a da República.

O engenheiro da Odebrecht Emyr Diniz Costa Junior afirmou que recebeu cerca de R$ 700 mil em dinheiro vivo para uso no sítio por intermédio da área da empresa especializ­ado no pagamento de propinas e de caixa dois, o Setor de Operações Estruturad­as.

Costa Junior disse que comprou um cofre para guardar os valores e o destinatár­io final das quantias foi o então assessor da Presidênci­a da República Rogério Aurélio Pimentel, que trabalhava sob as ordens da família de Lula.

Pimentel seria o encarregad­o de pagar fornecedor­es e prestadore­s de serviço.

Segundo o engenheiro, a Odebrecht bancou a compra de equipament­os de sauna, a expansão da piscina e a construção de uma edícula com quatro quartos e um depósito para abrigar uma adega, entre outras benfeitori­as.

Já a suposta aquisição de um terreno para o Instituto Lula foi objeto de um depoimento de Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo.

De acordo com o executivo, a Odebrecht aceitou realizar a compra da propriedad­e no valor de R$ 10 milhões, mas descontou o montante de um crédito que estava reservado pela empresa ao PT.

Um negócio simulado para esconder a participaç­ão da Odebrecht nessa operação teria sido foi feito com a participaç­ão do advogado e compadre de Lula, Roberto Teixeira, e da construtor­a DAG, que pertence a um amigo de Marcelo, relatou o executivo.

Porém, após essa transação Lula teria decidido não usar o imóvel pois preferia uma local mais “popular” e próximo a uma estação de metrô, disse Marcelo.

Em nota, o Instituto Lula afirma que o ex-presidente não pediu nem autorizou ninguém a pedir que fossem feitas reformas no sítio, e nunca foi proprietár­io do imóvel.

Em relação à propriedad­e na capital, o instituto relata que nunca recebeu qualquer terreno da Odebrecht.

Roberto Teixeira afirma que jamais praticou atos ilegais em 47 anos de advocacia.

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