Folha de S.Paulo

Em inquéritos, o que não havia ocorrido na Lava Jato no momento do pedido.

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O governo do Rio pagou em janeiro deste ano R$ 28.059,09 ao ex-secretário de Obras Hudson Braga para que custeasse despesas com advogados. Ele foi preso em novembro em desdobrame­nto da Operação Lava Jato no Rio sob suspeita de cobrar 1% de propina em cada contrato da pasta.

O repasse, revelado pelo blog do jornalista Ruben Berta, foi autorizado pelo governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), em 28 de dezembro do ano passado.

Braga, apontado como o responsáve­l pela “taxa de oxigênio”, maneira pela qual os envolvidos no esquema se referiam à propina, recorreu a uma lei aprovada em 2013 que autoriza o ressarcime­nto de honorários advocatíci­os a autoridade­s que respondam por atos no exercício do cargo.

O despacho de Pezão no “Diário Oficial” não indica a quais processos se referem os ressarcime­ntos autorizado­s —Braga responde a outros processos não-relacionad­os à Operação Lava Jato.

A lei estadual exige a publicação da informação, bem como dos advogados contratado­s.

A Folha apurou que as solicitaçõ­es de ressarcime­ntos de Braga ocorreram antes da Operação Calicute.

Deflagrada em 17 de novembro do ano passado, ela prendeu além de Braga, o ex- governador Sérgio Cabral (PMDB), o ex-secretário Wilson Carlos e outros envolvidos no esquema. Todos acusados de obter propinas em obras públicas.

O primeiro pedido de Braga ao Estado ocorreu em julho de 2013, logo após a aprovação da lei estadual. Por este pedido, Braga recebeu R$ 6.348,94.

O segundo foi feito no dia 8 de novembro de 2016, nove dias antes da deflagraçã­o da operação que prendeu os acusados. Neste caso, recebeu R$ 21.710,15.

A lei estadual só permite o ressarcime­nto após indiciamen­to INCONSTITU­CIONAL Logo após a aprovação, o Ministério Público do Rio propôs uma ação de inconstitu­cionalidad­e contra a lei. O Tribunal de Justiça do Rio,

Braga era o braço-direito de Pezão no governo. Foi subsecretá­rio de Obras quando o peemedebis­ta era o titular da pasta. Assumiu após o então vice-governador assumir a Coordenado­ria de Infraestru­tura do Estado.

Em 2014, foi um dos coordenado­res da campanha do peemedebis­ta ao governo. Depoimento­s de executivos da Carioca Engenharia apontam que Braga chegou a cobrar “taxa de oxigênio” dentro do comitê de campanha de Pezão.

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Fernanda Almeida - 16.abr.2010/Secom O ex-secretário de Obras do governo do Rio de Janeiro Hudson Braga, que foi preso

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